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Mundo Bancos americanos negam empréstimos para negros e latinos

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Em alguns casos chance de negativa era três vezes maior. (Foto: Reprodução)

Manifestações violentas de grupos de extrema-direita e de supremacistas brancos em cidades como Charlottesville, na Virgínia, no ano passado, levaram a ONU (Organização das Nações Unidas) a fazer um alerta sobre o recrudescimento de uma onda de racismo nos Estados Unidos. Nas ruas isso pode ser visível. Mas as formas invisíveis são tão danosas quanto.

Divulgada na semana passada, uma investigação dos jornalistas Aaron Glantz e Emmanuel Martinez na Reveal, uma publicação do The Center for Investigative Reporting, organização de jornalismo investigativo sem fins lucrativos, expôs o racismo em sua face financeira. Um levantamento feito com dados de 2015 e 2016, ainda durante o governo do presidente Barack Obama, mostra que negros e latinos recebiam mais respostas negativas do que brancos em pedidos de empréstimos feitos a bancos para compra da casa própria pelo sistema de hipoteca. Nessa modalidade, o imóvel é dado como garantia do empréstimo, o que reduz o risco de calote.

A investigação baseou-se em 31 milhões de registros da The Home Mortgage Disclosure Act, lei federal que obriga os bancos a tornar públicas informações sobre empréstimos imobiliários. O comportamento aconteceu em pelo menos 61 regiões metropolitanas do país, como Atlanta, Detroit, Filadélfia, St. Louis e San Antonio, e ocorreu mesmo em instituições que são obrigadas pelo governo a emprestar a famílias de baixa renda.

“Trouxemos para o debate uma face do racismo sobre a qual ninguém estava falando, 50 anos depois que a discriminação racial em empréstimos bancários foi proibida nos Estados Unidos por uma lei federal”, disse Glantz. “É um levantamento feito com base em 31 milhões de dados reais.” Glantz alerta que não foram usadas informações do primeiro ano do governo do presidente Donald Trump, quando as manifestações racistas pioraram.

O material divulgado mostrou que os negros enfrentaram maior resistência na busca por empréstimos em cidades do sul do país como Mobile, no Alabama, Greenville, na Carolina do Norte, e Gainesville, na Flórida – não por acaso, regiões onde mais proliferaram leis de segregação racial no passado. Já os latinos tiveram maior dificuldade em obter financiamentos em Iowa City, no estado de Iowa. Independentemente da cidade, os clientes negros que foram em busca de empréstimos para comprar a casa própria contaram histórias semelhantes. Todas com uma série de dificuldades e obstáculos impostos pelas instituições financeiras, que pareciam mais buscar um motivo para dizer não do que liberar os recursos.

“Eu tinha uma poupança razoável, mas mesmo assim tive muitos problemas. Foi humilhante”, disse Rachelle Faroul, uma mulher negra de 33 anos, cujo pedido de crédito para comprar uma casa perto de Malcolm X Park – um bairro em Filadélfia que ganhou este nome em homenagem ao ativista que lutou pelos direitos dos negros e foi assassinado na década de 1960 – foi negado duas vezes. Nessa região da cidade, a investigação publicada na Reveal descobriu que os negros tinham quase três vezes mais chances de ver o empréstimo ser negado em relação a clientes brancos.

Quando Faroul solicitou o empréstimo, em abril de 2016, achou que reunia todas as qualificações exigidas pelo banco. Tem um diploma da Northwestern University, sua pontuação de crédito era boa e sua renda anual chegava a US$ 60 mil como professora de programação de computadores. Ainda assim, seu pedido de empréstimo inicial foi negado pela Philadelphia Mortgage Advisors, uma corretora independente, que fez quase 90% de seus empréstimos para brancos em 2015 e 2016. “Me desculpe”, escreveu a corretora Angela Tobin em um e-mail a Faroul.

Quando tentou novamente, um ano depois, desta vez no Santander Bank, de Boston, o processo de Faroul se arrastou por meses, sempre com pedidos de novas informações do banco. Foi então que apareceu no relatório de análise uma conta de luz não paga de US$ 284. Era de um apartamento em que ela não vivia mais. Faroul pagou a conta imediatamente, mas o banco disse que não poderia avançar.

A análise feita pelos jornalistas foi revisada de forma independente pela The Associated Press e comprovou os mesmos resultados. Filadélfia foi uma das grandes cidades onde os negros tiveram mais problemas para obter crédito quando tentaram comprar uma casa. Os dados mostraram que os brancos receberam dez vezes mais empréstimos hipotecários convencionais do que os negros em 2015 e 2016. A análise também mostrou que, quanto maior o número de negros ou latinos morando em um bairro, mais provável era o pedido de empréstimo ser negado, mesmo depois de comprovada renda. Isso, segundo os autores da investigação, vem contribuindo para a gentrificação de muitas regiões nos Estados Unidos.

 

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https://www.osul.com.br/bancos-americanos-negam-emprestimos-para-negros-e-latinos/ Bancos americanos negam empréstimos para negros e latinos 2018-02-21
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