Sábado, 20 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 16 de outubro de 2017
O prédio 15 da PUC sedia na noite desta segunda-feira (16) , a partir das 19h, mais um evento preparatório para a Bienal do Mercosul, que acontece nos meses de abril, maio e junho de 2018, na Capital. Serão três dias de discussões, com nomes de peso do cenário nacional e internacional, abordando O Triângulo do Atlântico e as Artes Visuais, tema que encabeça o evento. O Colóquio Internacional desta noite é aberto ao público e inicia com um filme de Alan Renais, tendo como pano de fundo a temática As Estátuas Também Morrem, numa reflexão sobre as esculturas africanas, aprimoradas pelos artistas europeus. Na sequência, Ana Lúcia Araújo, da Howard University, de Washington (EUA), vai falar sobre O Novo Atlântico Negro, relatando as artes e suas memórias. O próximo palestrante será Roberto Conduru, do Rio de Janeiro, que vai abordar Fluxo da Arte entre Brasil e Além Mar.
Na terça-feira (17), acontece a palestra de Dominique Berthet, da Universidade das Antilhas, na Martinica, com o tema Lugares de Memória na Arte das Antilhas. Depois, será a vez de Marçal Paredes, da PUCRS, falar sobre Moçambique em Tela. Na quarta-feira (18), o professor Fernando Tacca, da Unicamp, vai abordar O Índio Brasileiro através da Fotografia e Rejane Müller, também da Unicamp, vai enfocar As Artes Indígenas e a Arte Contemporânea. A coordenação deste Colóquio Internacional é da professora de História da Arte, da PUCRS, Maria Lúcia Kern, integrante da diretoria da 11ª Bienal do Mercosul.
O presidente da Fundação Bienal, o médico oncologista Gilberto Schwartsmann, está entusiasmado com todos os eventos que antecedem à Bienal. Ele fala sobre a relevância do tema Triângulo do Atlântico pois “houve um ocultamento premeditado da presença do negro em nossa sociedade. Por quase 400 anos, navios negreiros cruzaram o Atlântico, trazendo pela força mais de 10 milhões de cativos da África para a América. A escravidão foi o sustentáculo do modelo econômico mais perverso da história da humanidade. O que poucos brasileiros sabem é que, enquanto os Estados Unidos receberam 400 mil negros no período escravagista, ao Brasil chegaram 10 vezes mais”.
Daí a importância de trazer à tona esta discussão que, pela primeira vez na história da Bienal, vai abrir um diálogo sobre a presença e a influência do negro e do indígena em nossa cultura. “Em nossa formação cultural, houve vários processos históricos de individualidade ao elemento negro e indígena, priorizando a matriz europeia. Durante a escravidão e mesmo depois da abolição, o negro foi muito desprotegido e a Bienal vai fazer um resgate principalmente do negro e afro neste cenário. Queremos mostrar a importância desta matriz cultural. A Bienal vai nos ajudar a discutir assuntos que a população gaúcha não discute com frequência”, finaliza o presidente da Bienal. Gilberto Schwartsmann reitera a importância do Brasil “fazer seu reencontro com a sua história”.