Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 19 de abril de 2019
Em uma transmissão ao vivo pelas redes sociais de dentro do Palácio do Planalto, durante um encontro com índios, o presidente Jair Bolsonaro criticou os fiscais do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), ONGs (organizações não-governamentais) e ameaçou cortar a diretoria da Funai (Fundação Nacional do Índio).
Além de Bolsonaro, participaram do vídeo cinco indígenas de etnias diferentes. Eles foram levados ao Planalto por Luiz Antonio Nabhan Garcia, ruralista e secretário de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura. “Assim como o povo brasileiro tem que dizer o que eu vou fazer como presidente, o índio tem que dizer o que a Funai vai fazer”, disse Bolsonaro. “Se não for assim, eu corto toda a diretoria da Funai”, completou.
Bolsonaro voltou a defender a exploração mineral em terras indígenas, principalmente na área da reserva ianomami, onde, segundo ele, há “bilhões ou trilhões de dólares” debaixo da terra. “A [reserva] ianomami é riquíssima. Por isso que tem ONG dizendo que está defendendo índio lá. Se fosse uma terra pobre, não teria ninguém lá. Como é rica, está lá esses picaretas internacionais, picaretas dentro do próprio Brasil, picaretas dentro do governo dizendo que protegem vocês”, declarou, apontando para os indígenas.
No vídeo, os índios defenderam o direito de cultivar as terras e produzir atividades para a geração de riquezas. Bolsonaro criticou ainda a atuação de fiscais do Ibama, da Funai e de ONGs indigenistas.
“Nossos irmãos, os mais humildes, trabalhando e sendo multados pelo Ibama. Por isso, junto com o [Ricardo] Salles, nosso ministro do Meio Ambiente, tomamos providências para substituir esse tipo de gente. Esse tipo de gente é brasileiro, não está preocupado com o meio ambiente”, disse Bolsonaro, que gravou o vídeo em pé, sem o habitual cenário que vinha adotando nas outras transmissões.
Segundo o presidente, existe uma indústria de multas ambientais para favorecer ONGs. “Parte dessa multa vai para ONGs que dizem que é para fiscalizar a questão ambiental. Não é. Nós vamos acabar com esse percentual de multa que vai pra ONGs. ONG, se é não governamental, é fora do Estado, não vai ser conosco e ponto final”, disse.
Ainda sobre a atuação de ONGs, sem especificar nenhuma, disse que elas trabalham em interesse próprio e não por indígenas. O presidente insinuou ainda que “estão inventando questões indígenas” para dificultar o linhão de Tucuruí, que ligará Roraima ao sistema nacional de energia.
“Nós queremos, por exemplo, fazer uma linha de transmissão de energia elétrica. Temos problema. Não é com índio. São de péssimos brasileiros que dizem que representam vocês que ficam fazendo com que isso não aconteça”, declarou. Bolsonaro afirmou ainda que ONGs e partidos políticos querem escravizar os índios.