Terça-feira, 23 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 1 de abril de 2019
Um dia depois de confirmar, durante visita a Israel, a abertura de um escritório de negócios em Jerusalém, o presidente Jair Bolsonaro sugeriu que ainda pode transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para a cidade durante o seu mandato, como havia prometido ainda antes da posse.
Nesta segunda-feira (01), em conversa com jornalistas, ele reiterou que mantém o compromisso de transferência da missão diplomática, mas pregou “calma” no processo de transição.
“Tem o compromisso, mas meu mandato vai até 2022, ok? Está explicado? E a gente tem que fazer as coisas com calma, sem problema, mantendo contato com o público de outras nações, e o que eu quero é que seja respeitada a autonomia de Israel. Se eu fosse presidente hoje e fosse abrir negociações com Israel, botaria a nossa embaixada onde? Seria em Jerusalém. Agora, a gente não quer ofender ninguém. Agora, eu quero que respeitem a nossa autonomia”, ressaltou Bolsonaro.
Questionado, então, se a transferência da embaixada ocorrerá até 2022, o presidente respondeu: “Está tudo tranquilo, podem ter certeza. O casamento está marcado”. A abertura de um escritório de negócios como medida imediata já havia sido mencionada publicamente por Bolsonaro antes da viagem. No domingo, o anúncio foi descrito pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, como “um primeiro passo” para a transferência da embaixada.
“Estamos agora em Jerusalém. Eu o cumprimento por sua decisão de abrir um escritório de comércio, tecnologia e inovação do governo brasileiro em Jerusalém. E vou lhes revelar um segredo: eu espero, quero acreditar, que é o primeiro passo para a abertura, um dia, da embaixada do Brasil em Jerusalém”, declarou o premiê.
A proposta da transferência havia sofrido fortes críticas dos países árabes, que estão entre os principais compradores das exportações brasileiras de carne, mas o recuo parcial do governo do Brasil não acalmou os ânimos.
Ainda na noite de domingo, a Autoridade Palestina convocou para consultas o seu embaixador no Brasil, Ibrahim Alzeben, em retaliação à abertura do escritório de negócios. Segundo Alzeben, o anúncio é “inoportuno” e “desnecessário”.
“É direito deles reclamar”, respondeu Bolsonaro nesta segunda, sobre a reação palestina. A troca, por ora, da transferência imediata pela abertura do escritório de negócios não pareceu afetar o clima caloroso entre Netanyahu e Bolsonaro, que no domingo chegou a comparar a reaproximação entre os dois países a um “casamento” e a chamar o primeiro-ministro várias vezes de “meu irmão”.