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Por Redação O Sul | 27 de março de 2019
O presidente da República, Jair Bolsonaro, usou um compromisso com pesquisadores da Universidade Mackenzie, que teve de ser transferido para o Comando Militar do Sudeste, em São Paulo, para fugir de protestos e pregar a “paz” com o Congresso Nacional, de acordo com informações do Estado de S. Paulo.
Em entrevista que concedeu ao apresentador José Luiz Datena no final do compromisso, ele aproveitou para mandar um beijo para deputados e senadores. Bolsonaro tem feito esse discurso pelo diálogo com os parlamentares perante os ministros, mas não tem cessado a divulgação de mensagens com ataques ao Congresso.
Regime militar
Bolsonaro determinou ao Ministério da Defesa que faça as “comemorações devidas” do aniversário do 31 de março de 1964, quando um golpe militar derrubou o então presidente brasileiro João Goulart e iniciou um período ditatorial que durou 21 anos. A orientação foi repassada a quartéis em todo o País, de acordo com informações do jornal O Estado de S. Paulo.
Segundo o porta-voz da Presidência da República, general Otávio Santana do Rêgo Barros, a inclusão da data na ordem do dia das Forças Armadas, para a comemoração dos 55 anos do golpe de 1964, já foi aprovada por Bolsonaro. A participação do presidente nesses eventos, porém, ainda não está confirmada.
“O presidente não considera 31 de março de 1964 um golpe militar”, disse o porta-voz. Segundo Rêgo Barros, na avaliação de Bolsonaro, sociedade civil e militares, “percebendo o perigo” que o País vivenciava naquele momento, se uniram para “recuperar e recolocar o nosso País no rumo”. “Salvo melhor juízo, se isso não tivesse ocorrido, hoje nós estaríamos tendo algum tipo de governo aqui que não seria bom para ninguém”, disse o porta-voz.
Questionado sobre como serão as comemorações, Rêgo Barros disse que ficará a cargo de cada comando. “Aquilo que os comandantes acharem, dentro das suas respectivas guarnições e dentro do contexto, que devam ser feitas”, disse. Não há previsão de que haja qualquer evento no Palácio do Planalto, em Brasília.
Generais da reserva que integram o primeiro escalão do Executivo federal, porém, pediram cautela no tom para evitar ruídos desnecessários diante do clima político acirrado e do risco de polêmica em meio aos debates da reforma da Previdência no Congresso Nacional.
Em um governo que reúne o maior número de militares na Esplanada dos Ministérios desde o período da ditadura (1964-1985) – o que já gerou insatisfação de parlamentares –, a comemoração da data deixou de ser uma agenda “proibida”. Ainda que sem um decreto ou portaria para formalizá-la, a efeméride volta ao calendário de comemorações das Forças Armadas após oito anos.