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Brasil Bolsonaro quer fazer do Nordeste uma das “vitrines” do seu governo. A região é um reduto eleitoral do PT

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O então candidato do PSL não venceu a eleição nos Estados nordestinos. (Foto: Agência Brasil)

Considerado uma espécie de “última trincheira do PT” no País, o Nordeste deverá ganhar atenção especial do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Ele pretende transformar a única região em que não saiu vencedor nas urnas em uma vitrine de seu governo a partir da retomada de obras paralisadas das administrações anteriores, como a transposição do rio São Francisco e a construção de ferrovias, como a Transnordestina.

“Eu tenho dito que o Nordeste é o centro das atenções para mudar o Brasil”, declarou à imprensa o ex-general Augusto Heleno, futuro ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional). “Nessa Região, o primeiro grande plano é resolver o problema da falta de água.”

Além da transposição, o governo vai apostar no uso da tecnologia de dessalinização de água. No planejamento traçado para a Região, uma das metas é importar tecnologia israelense de retirada de sais da água para estimular a agricultura no semiárido nordestino, uma das promessas mais repetidas durante a campanha do então candidato do PSL.

O general da reserva admite que priorizar ações no Nordeste trará ganhos políticos ao presidente eleito e será fundamental para quebrar resistências de governadores de partidos de esquerda da região. Vale lembrar que o PT vai governar os Estados da Bahia, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte no período 2019-2022, que coincide com a vigência do mandato para o qual Bolsonaro foi eleito.

Nacionalmente, Jair Bolsonaro rompeu a sequência de quatro vitórias do PT na eleição presidencial (dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva e dois de Dilma Rousseff), mas testemunhou a força do petismo no Nordeste. Dos 1.794 municípios da região, o candidato do PT, Fernando Haddad, levou a melhor em 98,6% deles.

“O Nordeste pode se tornar uma grande vitrine de Bolsonaro, mas acho que essa preocupação é secundária, seria uma consequência”, avalia Augusto Heleno. “Não acredito que as pessoas sejam tão infantis e continuem pensando em voto, manipulação, manter gente como ‘coitadinho’ quando se pode fazer as pessoas terem outra perspectiva para o futuro.”

Considerado um dos quadros mais relevantes do governo eleito, ele reconhece que as obras da transposição e de ferrovias não vão acontecer de uma hora pra outra. O futuro ministro também não detalha como um governo com graves problemas fiscais vai tocar as grandes obras. “Uma ferrovia leva tempo para construir, não é como estrada de rodagem, mas é muito mais econômica”, ressalta Heleno.

Médicos

Outro ponto que demandará atenção do futuro governo será a reposição adequada das vagas ocupadas por médicos cubanos na Região Nordeste. Na semana passada, o governo da ilha caribenha pediu o desligamento do programa Mais Médicos, do governo federal, após o anúncio de Bolsonaro sobre o plano de mudar as regras do convênio. Cidades nordestinas serão afetadas com a saída dos profissionais do País, o que vem preocupando prefeitos, secretários e outros gestores municipais.

Coordenador do grupo de planejamento da campanha, o general da reserva afirma que o futuro governo apostará em ações que “não sejam apenas assistencialistas, temporárias e cativadoras de votos”. O futuro governo reafirma a manutenção do Bolsa Família, o programa mais popular dos anos do PT no poder. Após a votação do primeiro turno, o então candidato Bolsonaro prometeu, inclusive, criar o 13° salário para os beneficiários do Bolsa Família. Desde a votação do segundo turno, o presidente eleito nunca mais falou do tema ou mesmo de qualquer prazo para cumprir a promessa.

Passadas quase três semanas do segundo turno, o clima entre Bolsonaro e os governadores eleitos no Nordeste não desanuviou. Na quarta-feira, Wellington Dias (PT), do Piauí, foi o único representante da Região no encontro de Bolsonaro com governadores eleitos em Brasília.

Desafios

De acordo com especialistas, a meta do governo eleito de focar o Nordeste, por mais bem intencionada que possa ser, tem grandes desafios de execução. “Antes do novo governo embarcar na finalização da Transnordestina, deveria avaliar se o projeto e o modelo adotado até aqui são a melhor alternativa”, sugere o executivo Claudio Frischtak, presidente de uma consultoria especializada no setor de infraestrutura.

No caso da transposição, obra quase pronta, o ponto de atenção é o custo de operação das bombas de água, estimados em cerca de meio bilhão de reais por ano. Para o cientista político Fernando Schuler, do Insper, não bastará um mandato para enfraquecer a força do “lulismo” na região. E, nem mesmo, obras gigantes são garantia de sucesso: “A chance do governo Bolsonaro reverter esse fator é coloca em execução um programa real e efetivo de combate à pobreza, diferente do Bolsa Família”.

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https://www.osul.com.br/bolsonaro-quer-fazer-do-nordeste-uma-das-vitrines-de-seu-governo-a-regiao-e-um-reduto-eleitoral-do-pt/ Bolsonaro quer fazer do Nordeste uma das “vitrines” do seu governo. A região é um reduto eleitoral do PT 2018-11-18
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