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Por Redação O Sul | 16 de julho de 2019
O presidente Jair Bolsonaro iniciou nos bastidores um movimento para avaliar as chances de aprovação pelo Senado da indicação do seu filho Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para o posto de embaixador do Brasil nos Estados Unidos.
Interlocutores do presidente têm feito sondagens junto a senadores que integram a CRE (Comissão de Relações Exteriores), responsável por autorizar a nomeação de um indicado pelo Poder Executivo à função diplomática.
Segundo assessores, Bolsonaro está determinado a oficializar a indicação, mas, em conversas reservadas, demonstrou incômodo com a possibilidade de rejeição, o que representaria uma derrota pessoal por se tratar de seu filho.
Os sinais iniciais emitidos pelos senadores preocupam. Um primeiro placar esboçado por emissários de Bolsonaro aponta que o parlamentar teria hoje o apoio de apenas oito dos 17 integrantes da comissão. A previsão de um placar apertado no colegiado já leva auxiliares presidenciais a considerarem fundamental uma ação reforçada junto ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Mesmo que o governo sofra uma derrota na comissão, por exemplo, o cenário adverso pode ser revertido no plenário (basta maioria simples para a aprovação). Aliados de Alcolumbre afirmam que, embora não tenha gostado da indicação, ele não pretende trabalhar contra o filho do presidente.
A posição do senador Marcos do Val (Cidadania-ES), que costuma ser alinhado à pauta governista, surpreendeu o presidente. Logo após a notícia da intenção de indicar Eduardo, o parlamentar se manifestou contrário à ideia e é considerado um voto perdido.
Na CRE, o governo tem margem de manobra reduzida. Há apenas uma vaga não ocupada, que, em caso de emergência, poderia ser preenchida por um senador simpático a Bolsonaro. Há ainda pouca segurança de assessores palacianos sobre pelo menos três votos, entre eles o do senador Romário (Podemos-RJ).
As demonstrações de insatisfação no Senado começaram a se tornar públicas. “Foi talvez o maior erro do presidente até agora, até porque envolve o próprio filho, sem ter pelo menos tentado entender qual o sentimento hoje do Senado”, disse a presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), a senadora Simone Tebet (MDB-MS). “A sabatina [na CRE] expõe demais o governo e pode dar uma fragilidade que o governo ainda não tem na Casa”, acrescentou.
Na avaliação dela, que é suplente na comissão que vota a indicação, hoje o nome de Eduardo correria “sérios riscos” de não ser aprovado, e o episódio “não tem precedentes em países democráticos”.