Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 26 de maio de 2016
As mudanças na legislação e a situação econômica são dois fatores fundamentais para que o investidor brasileiro se volte mais para Lisboa (Portugal) e menos para Miami (EUA) na hora de comprar imóveis. O brasileiro se tornou o melhor cliente das agências imobiliárias do país, já que tem chegado à capital portuguesa com o orçamento mais elevado entre os outros investidores.
Os brasileiros formam a maior comunidade estrangeira em Portugal, com 87.493 residentes, ou seja, 22% do total de estrangeiros, segundo dados oficiais. Graças ao incremento do turismo internacional, a imagem que o brasileiro tem de Portugal mudou bastante.
“Durante muito tempo, o brasileiro viu Portugal como um país pobre e atrasado”, comenta Catarina García, diretora da rede de imobiliárias Remax Collection. “Houve uma mudança de mentalidade, em boa parte pelo trabalho realizado no Brasil e, em parte, devido ao crescimento do turismo em Lisboa.”
O brasileiro é o turista que mais gasta em Lisboa, depois dos angolanos e dos alemães, mas, na hora de comprar uma casa, é o que dispõe do orçamento maior, tornando-se um cliente de alto padrão. É a isso que se dedica, em seu trabalho, Gustavo Soares, da Sotheby’s: “É um cliente que procura imóveis a partir de 800 mil euros [3,2 milhões de reais] e com cerca de 300 metros quadrados, de preferência no percurso entre Lisboa e Estoril”.
Soares admite que o número de consumidores brasileiros aumentou muito nos últimos dois anos, seja em decorrência da crise econômica do País, seja por causa das boas perspectivas apontadas para Portugal.
A PwC (PricewaterhouseCoopers) publica anualmente um relatório imobiliário para investidores internacionais. No Emerging Trends in Real Estate de 2016, Lisboa aparece como a sétima cidade mais atrativa para investimento, em um total de 28 grandes cidades analisadas.
A explosão imobiliária que acontece em Lisboa se deve ao investimento estrangeiro, pois o consumo local é o habitual, mais barato e distante dos centros urbanos, que ficam reservados aos escritórios e moradores estrangeiros. O volume de vendas cresceu 27% no ano passado, e os preços no Chiado, o clássico bairro do centro lisboeta, dispararam, apesar de essa não ser a zona preferida dos investidores brasileiros.
“Diferentemente do europeu, as preferências deles são por condomínios com glamour; o francês, por exemplo, busca mais edifícios históricos no centro da capital”, explica Soares.
O comprador europeu valoriza mais a história do edifício que suas comodidades. É capaz de comprar um apartamento sem elevador, sem vaga de garagem e aonde é quase impossível chegar de carro.
Crise brasileira.
A instabilidade política do Brasil incentiva a colocar as economias em um porto seguro. Tradicionalmente esse mercado seguro e estável tinha sido Miami, mas uma mudança da legislação estadual aumentou o imposto de sucessões para 40% e o dinheiro fugiu da cidade americana para se abrigar em Portugal.
“Nenhum destino oferece ao cliente brasileiro o que Lisboa oferece”, acrescenta García. “Sol, praia, segurança, bons preços, boas escolas, boas comunicações e, claro, a mesma língua…”. Também não há muita alternativa à economia, com o rendimento nulo do dinheiro no banco, o risco de uma bolsa louca e uma legislação que favorece os aposentados estrangeiros: zero encargos tributários em Portugal e nas aposentadorias de seu país de origem.
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