Terça-feira, 23 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 7 de junho de 2016
Não teve choro nem drama. Yamato Tanooka, garoto de 7 anos que enfrentou seis dias de solidão em uma floresta no Japão após ser abandonado pelos pais, estava calmo quando foi encontrado pela equipe de resgate, dois quilos mais magro. “Você é Yamato?”, perguntou o soldado. “Sim, sou eu”, respondeu o menino, em sua primeira interação com um ser humano após ser obrigado a sair do carro da família, como punição por jogar pedras em carros e pessoas durante um passeio.
Yamato tinha apenas alguns arranhões nos braços e pernas, obtidos ao longo das horas de caminhada pelos cerca de 5 quilômetros percorridos pela criança na floresta fechada até chegar a uma isolada instalação militar japonesa. No local, ele encontrou cabanas e, dentro delas, colchonetes, segundo o jornal The Guardian.
O menino passou seis dias e noites sem comida – ele bebeu água de uma torneira do lado de fora da cabana –, mas contou com muita sorte para sair vivo e quase ileso da “aventura”.
A primeira foi não ter se deparado com nenhum dos muitos ursos selvagens que habitam a floresta de Hokkaido, ilha mais ao norte do Japão. A segunda foi chegar às cabanas e ter a chance de se proteger da chuva e do frio, que chegou a 7 graus. A terceira dose de sorte pode ter salvado sua vida: quando a instalação militar não está sendo usada, as cabanas deveriam ficar trancadas, mas alguém esqueceu uma delas aberta.
Quando o soldado abriu a porta da cabana, encontrou Yamato enrolado em um colchonete. Ele vestia calça de moletom, camiseta e tênis. Ele contou que, à noite, usava um dos colchonetes como cobertor.
Arrependimento.
O menino já recebeu alta do hospital e mostrou que perdoou a atitude do pai. Em entrevista a jornalistas, Takayuki Tanooka disse que o filho o perdoou. O caso provocou um amplo debate no Japão sobre a paternidade.
“Eu disse a ele: “O papai te fez passar por um momento difícil. Me desculpa”, afirmou Takayuki. “E então meu filho me disse: ‘Você é um bom pai. Eu te perdoo’”, acrescentou. Tanooka reconheceu que passou dos limites abandonando o filho na floresta – o pai dirigiu por 500 metros e voltou para buscar a criança, mas não conseguiu encontrar Yamato.
“Ele cresceu em uma família amorosa, mas […] nosso comportamento como pais era excessivo e estou extremamente arrependido disso. Acreditava que o que eu estava fazendo era para seu próprio bem, mas, sim, agora percebo que fui longe demais”, disse Tanooka. Tanooka agradeceu aos membros das equipes de resgate – cerca de 200 pessoas fizeram um pente fino na área desde o desaparecimento – pelos esforços e pediu desculpas por ter causado problemas. A polícia informou que os pais podem ser processados por negligência.