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Brasil Candidata da “cura gay” perde eleição do Conselho Federal de Psicologia

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A psicóloga Rozangela Justino. (Foto: Reprodução/YouTube)

“Cura gay”, Venezuela, LGBTIfobia, Jair Bolsonaro. Tópicos comuns no campo de batalha ideológico das redes sociais chegaram à escolha dos novos dirigentes do CFP (Conselho Federal de Psicologia). Rozangela Justino, conhecida por defender a “cura gay”, concorria, mas não ganhou. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

O voto online de 101 mil dos 350 mil profissionais do ramo elegeu na terça-feira (27) a turma que comandará por três anos, a partir de dezembro, a entidade. Das cinco concorrentes, venceu a chapa 21, continuidade da atual direção.

A novidade do ano, apesar do posto de lanterninha, fez mais barulho do que qualquer uma. Trouxe na liderança Rozangela Justino, conhecida por defender uma terapia que promete reverter a orientação sexual de pacientes homossexuais, apelidada de “cura gay”. Ela encabeçou a chapa 24.

Com a votação já em curso, Rozangela e seus aliados festejaram o apoio de Heloísa Bolsonaro, psicóloga que se apresenta como “coach de potencialização de qualidade de vida”. A esposa do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) foi ao Instagram pedir: “Partiu votar na chapa 24”.

Não foi dessa vez. Conseguiram 5.458 endossos, 12% da votação alcançada pelo núcleo vitorioso, sob comando de Ana Sandra Nóbrega.

Rozangela é assessora parlamentar do deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), ligado ao pastor Silas Malafaia, e é vista nos cultos de quarta-feira da bancada evangélica no Congresso. Esse foi um dos traços de sua biografia levantado num debate que reuniu os cinco candidatos a presidente do CFP no último dia 21.

Quem a questionou foi justamente Ana Sandra, que perguntou por que a 24 acusa o atual conselho de ter uma “ideologia de esquerda” se ela é a primeira a não esconder seu apreço por pautas políticas, sobretudo as bolsonaristas.

Rozangela disse que respalda mesmo Jair Bolsonaro, “porque o povo brasileiro estava cansado da política de corrupção”, mas que não era filiada a partido algum.

Já a direção que tem o CFP sob guarda hoje não pode dizer o mesmo, segundo Rozangela. Ela afirmou em entrevista à TV Gênesis, sem detalhar a acusação, que o PT puxa as cordas no conselho.

O presidente do conselho, Rogério Giannini, confirma que se filiou ao partido de Lula nos anos 1980, mas diz que “não há possibilidade de ingerência partidária” no CFP, até porque ele é composto por 22 membros, com gostos partidários distintos.

“A acusação soa bastante estranha”, segundo Giannini, pois é a colega que trabalha com um deputado alinhado a Bolsonaro. Todo psicólogo sabe que “quem acusa acaba falando mais de si do que do acusado”, afirma.

Rozangela não foi a única, contudo, a ver viés partidário no grupo que perpetuará no poder.

Fato é que atos afins levaram psicólogos como Rozangela a acusar a chapa triunfante de “pautar suas ações em políticas partidárias, respaldadas em teorias inventadas, sem qualquer fundamentação científica, construídas simplesmente para a desconstrução de todo o sistema de crenças e valores sociais”.

É o que diz a plataforma divulgada pela 24, que também cita “fortalecimento da família” e a necessidade de “promover o debate interno acerca de temas polêmicos e que ainda não tenham o respaldo científico”.

Viu-se ali a margem para rediscutir a tal “terapia de reversão sexual”. Uma resolução do CFP de 1999 proíbe a oferta desse tipo de tratamento, “considerando que a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão”. Vai ao encontro do entendimento da Organização Mundial da Saúde sobre o tema.

Murillo Rodrigues dos Santos, outro candidato, cobrou “embasamento científico” e questionou se os companheiros da 24 “não têm noção que a forma como vocês abordam a temática gera mais sofrimento à população LGBT”. Foi aí que Rozangela citou a tese acadêmica dela.

Colegas como Marisa Lobo, autointitulada “psicóloga cristã” e também bolsonarista, dizem que a 24 pode ser um tiro no pé. “Esse foi o problema da chapa. Usar esta bandeira [da “cura gay”], que assusta as pessoas. É ser contra uma doutrinação defendendo outra.”

Em 2009, Rozangela disse se sentir perseguida por conselhos de psicologia afoitos para “implantar a ditadura gay” e instaurar a “Santa Inquisição para heterossexuais”.

O malogro de Rozangela levou a uma enxurrada de comentários na página do CFP no Facebook, tais como: “Os derrotados deveriam entregar seus diplomas e virarem pastor, padre ou terapeutas. Na psicologia não há espaço para dogmas religiosos e preconceitos”.

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https://www.osul.com.br/candidata-da-cura-gay-perde-eleicao-do-conselho-federal-de-psicologia/ Candidata da “cura gay” perde eleição do Conselho Federal de Psicologia 2019-08-30
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