Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 13 de maio de 2017
Os ex-marqueteiros do PT João Santana e Mônica Moura relataram à Operação Lava-Jato a utilização de apelidos para se referirem a políticos com que se relacionavam. A estratégia é similar à utilizada pelo departamento de propinas da empreiteira Odebrecht.
Segundo Monica, Santana costumava recorrer a essa estratégia para despistar evidências da origem do dinheiro recebido pelo casal, já que a maior parte dos recursos não era declarada à Justiça Eleitoral. Esse cuidado era tomado especialmente a pedido de Santana, que recriminava a mulher quando ela usava o nome verdadeiro de políticos, inclusive em anotações sobre pessoas e valores na agenda.
Ainda de acordo com ela, Antonio Palocci era chamado de “Mineiro”, pois “estava sempre ali, na moita, sem nunca se expor, nem dizer sim ou não”. O ex-ministro, que na lista da Odebrecht aparece como “Italiano”, era um dos principais interlocutores do PT com o casal durante a reeleição do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006. De acordo com a delatora, foi com ele que foram acertados os pagamentos e os valores cobrados para fazer a campanha eleitoral.
Mônica revelou, ainda, outras duas alcunhas: Juscelino Dourado, que trabalhava com o ex-ministro petista e também foi responsável por pagamentos, era o “Madre”, por ser “muito religioso, muito certinho, tipo coroinha de igreja”. Já o ex-executivo da Odebrecht Pedro Novis era apelidado de “Caê”, devido à sua amizade com o cantor e compositor baiano Caetano Veloso.
Apesar dos apelidos serem usados como disfarce, Mônica relatou que, à época, “não havia tanto cuidado” quanto hoje em tratativas sobre pagamentos irregulares, após a deflagração da Lava-Jato.