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Por Redação O Sul | 13 de março de 2019
A última etapa do julgamento de Bernardo Boldrini, morto em 4 de abril de 2014, iniciou próximo às 15h de hoje (13) – fase em que os réus passam a ser interrogados. O primeiro a depor foi Leandro Boldrini, pai do menino que completaria 17 anos nesta quarta-feira. A juíza Sucilene Engler introduziu a sessão com a leitura da denúncia (composta por cerca de 20 páginas) e do aditamento. Na ocasião, os demais réus não estavam no salão do júri, apenas seus respectivos advogados.
Em sua primeira fala, Boldrini negou o envolvimento na morte do filho e ressaltou o sentimento que tem por Bernardo. “Nego veementemente. Tive um relacionamento de pai. Amo meu filho, mesmo não estando mais comigo”, reparou.
A juíza também perguntou por que ele não se preocupou pelo sumiço do garoto na sexta-feira (6), anterior a data de morte de Bernardo. “Não me preocupei porque ele sempre ia para os amiguinhos. Ele jogava game no computador e eu sabia que ele estava num lugar seguro”, contou o médico. Explicou que havia um combinado entre os dois para que o menino voltasse para casa no máximo às 19h dos domingos, já que na segunda-feira o garoto ia à escola.
Segundo o réu, os atritos entre a madrasta e o filho começaram em 2013, ano em que a filha do casal nasceu. Quanto ao vídeo em que Graciele e Bernardo se agridem, Boldrini diz: “Eu pedia que ele parasse porque queria que eles se acertassem”.
No domingo (4) em que Bernardo foi morto, Boldrini afirma que estranhou o fato do menino não ter retornado para casa. Ao passar rapidamente no hospital em que trabalhava, afirma que chegou a visitar o restaurante do pai do amigo do garoto, localizado ao lado do hospital, para procurá-lo. “Não encontrei no restaurante e fui na casa do amigo Lucas. Cheguei lá, perguntei por ele, mas ele não estava. Comecei a maratona de ligações para amigos e colegas dele”, continuou.
Questionado sobre o comportamento de Graciele no momento em que começou a se preocupar, contou que na sexta-feira (6), ela disse que o garoto passou em casa, pegou uma mochila e disse que iria para a casa do amigo Lucas. Mesmo sem achar o filho no local em que supostamente estava, não desconfiou da esposa e esclareceu: “Na segunda eu fui trabalhar porque eu estava crente que o Bernardo estava me pregando uma peça”.
De acordo com o réu, na segunda-feira (5) ele procurou a polícia para comunicar o desaparecimento de Bernardo. Depois de breve investigação, Boldrini retornou à delegacia, a pedido dos policiais. Nesse momento, foi comunicado a ele de que as linhas de sequestro e sumiço por conta própria tinham sido descartadas; a única hipótese possível era a de assassinato. “Eu disse: ‘Barbaridade'”, relatou.
Em relação ao acesso a medicamentos no hospital, Boldrini afirmou que tudo era anotado, controlado e levado, posteriormente, para a farmácia – para que fosse feita a reposição. Indagado sobre quem tinha acesso ao local, afirmou que eram Cecília (que trabalhava com o médico no local) e Graciele. No que tange à polêmica que envolve as assinaturas (ou não) de Boldrini, o médico explica que deixava o bloco de receitas em branco na recepção e o carimbo com a secretária do consultório. Também observou: “A Graciele tinha acesso ao bloco e ao carimbo”.
Boldrini respondeu também sobre o próprio uso de medicamentos e admitiu que tomava remédios controlados depois do suicídio da mãe de Bernardo. A partir disso, os promotores do Ministério Público começaram a indagá-lo se consultava psicólogo ou psiquiatra e como tinha acesso às prescrições, por exemplo. O médico afirmou que, muitas vezes, os colegas de profissão prescreviam a ele, mesmo sem consulta – prática comum entre eles, como afirma
Quanto à reação de Boldrini no momento em que foi algemado e soube da morte do filho, a juíza questionou o motivo dele ter perguntado, de imediato, se tinham provas contra ele. A testemunha esclareceu que foi em função das algemas e que logo perguntou a Graciele se ela fazia parte do assassinato. “Cheguei perto e disse ‘escuta aqui, você está envolvida?’. Ela (Graciele) me disse que sim”, afirmou.
Durante as perguntas de promotor do Ministério Público, Ederson Vieira, o advogado de Leandro orienta ele a não responder mais nenhuma pergunta vinda do promotor. Anteriormente, Leandro havia dito que tinha feito um determinado número de ligações à Bernardo, o que é provado falso pelo promotor. Réu não responde mais nenhuma pergunta feita por Vieira. Ao fim das perguntas dele, advogados de Boldrini tentam anular o júri, defendendo que, já que as perguntas foram consignadas mesmo que ele tendo dito que não iria responder, houve “prejuízo ao réu”.
Ao final do dia, Leandro acusou Graciele e Edelvânia de terem matado Bernardo e se declarou inocente. A defesa das duas não fez nenhum questionamento a ele.
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