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Por Redação O Sul | 9 de setembro de 2017
O Parlamento da Catalunha aprovou na última quarta-feira (6) a convocação do plebiscito sobre a independência da região para 1º de outubro, apesar de que o Tribunal Constitucional da Espanha deva derrubar a medida.
A lei que regulamenta a consulta foi aprovada por 72 dos 135 deputados, todos dos separatistas Juntos pelo Sim e Candidatura da Unidade Popular, e se abstiveram os 11 deputados da divisão catalã do esquerdista Podemos.
As bancadas do Cidadãos, do Partido dos Socialistas e do Partido Popular abandonaram o plenário por discordarem da votação. O Cidadãos anunciou uma moção de censura, que deve ser rejeitada pela maioria independentista.
A oposição tentou obstruir a votação, o que levou a sessão plenária a durar mais de 12 horas. A medida foi assinada na sequência pelo presidente da comunidade autônoma, Carles Puigdemont, favorável à separação da Espanha.
“Os conceitos de Estados e unidades da pátria que passavam por cima dos direitos dos cidadãos não tem vez na Europa de hoje. A Catalunha pertence a este mundo que avança e, por isso decidirá seu futuro”, disse Puigdemont.
A lei define a Catalunha como sujeito político soberano e estabelece que a independência seja declarada 48 horas depois da vitória do “sim”. Isso contraria a Constituição da Espanha, que determina a indivisibilidade do país.
O governo espanhol deve entrar nesta quinta (7) com um recurso no Tribunal Constitucional, que deve declarar a inconstitucionalidade da lei catalã, abrindo um novo impasse entre as autoridades de Madri e Barcelona.
O movimento pró-independência ganhou força em 2012, em meio à crise econômica europeia. Além da anulação de seu status como nação, o governo de Mariano Rajoy recusou que a comunidade tivesse autonomia tributária.
No mesmo ano, o independentista Artur Mas assumiu o governo catalão prometendo um plebiscito. Ele convocou uma consulta não oficial em 2014, que reuniu 35% do eleitorado, dos quais 80% aprovaram a separação.
Os independentistas conseguiram no ano seguinte a maioria no Parlamento e aprovaram resolução que deu início ao processo pelo plebiscito, que avançou apesar de o Tribunal Constitucional espanhol tê-lo declarado ilegal.
Devido ao avanço da consulta, a Justiça da Espanha cassou em março passado os direitos políticos de Mas por dois anos. A expectativa é de uma nova retaliação das autoridades centrais espanholas aos políticos catalães.
O nacionalismo catalão é uma longa construção histórica que ressurgiu no fim do século 19, atravessou a ditadura franquista (1939-75) e floresceu após a aprovação do Estatuto da Autonomia em 1979, na redemocratização.
O movimento ganhou força com a crise econômica na Espanha desde 2008. O país perdeu 7% do PIB com a recessão e viu o desemprego chegar a 25% – hoje, o índice nacional está em 22%; na Catalunha, em 19%. (Folhapress)