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Por Redação O Sul | 13 de agosto de 2017
A China decidiu retirar o seu veterano negociador para a península da Coreia, Wu Dawei, após 13 anos no cargo, e substituí-lo pelo diplomata Kong Xuanyou, justamente quando a região vive uma grave crise por causa das ameaças mútuas de bombardeios entre Estados Unidos e Coreia do Norte.
Segundo o jornal South China Morning Post, o Ministério de Assuntos Exteriores não anunciou ainda formalmente esta nomeação, mas a mudança é iminente, afirmaram diplomatas chineses e fontes citadas pela imprensa do Japão e da Coreia do Sul.
Wu Dawei, de 71 anos, liderou o diálogo sem sucesso de seis lados (China, as duas Coreias, EUA, Japão e Rússia) que Pequim acolheu entre 2003 e 2008 para tentar deter o programa nuclear norte-coreano e, desde então, insistiu na necessidade de voltar à mesa de negociações.
Kong, de 58 anos, terá por principal missão retomar esse diálogo, algo que neste momento de alta tensão parece quase impossível. Nascido no Nordeste da China e de etnia coreana, Kong é desde 2015 ministro assistente de Assuntos Exteriores e principal encarregado de assuntos asiáticos na instituição.
O diplomata fala japonês e trabalhou na Embaixada da China em Tóquio em várias períodos, ainda que também tenha sido embaixador do seu país no Vietnã, segundo a biografia dele no site oficial da Chancelaria.
Escalada da tensão
No sábado (12), o presidente da China, Xi Jinping, pediu ao seu colega dos Estados Unidos, Donald Trump, que contenha o tom das declarações e ações para evitar a escalada na tensão na península coreana, após vários dias com trocas de ameaças entre Washington e Pyongyang.
“As partes implicadas [em alusão a EUA e Coreia do Norte] devem evitar declarações e ações que aumentem a tensão”, disse Xi, que teve uma conversa telefônica com Trump. O presidente chinês também assegurou que seu país “está disposto a trabalhar com o governo americano para resolver a questão”, informou a agência oficial Xinhua.
“China e EUA compartilham o interesse por desnuclearização e paz na Península Coreana”, acrescentou Xi na conversa com Trump, que aconteceu em pleno momento de escalada de tensão com a Coreia do Norte, que ameaçou bombardear a ilha de Guam, um território controlado pelos EUA no Pacífico.
Horas antes da conversa entre Trump e Xi, o Ministério das Relações Exteriores da China também pediu aos Estados Unidos e à Coreia do Norte que “abandonem o velho método de demonstração de poder” e “controlem suas palavras e ações”.
Trump criticou em várias ocasiões a China, o principal aliado da Coreia do Norte, por “não fazer nada” para resolver esse conflito, e Pyongyang também manifestou seu descontentamento com Pequim depois que o governo chinês decidiu apoiar as sanções econômicas contra o regime no Conselho de Segurança da ONU.