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Mundo A China usa o poder econômico para calar as críticas

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A morte de Liu Xiaobo — escritor e ativista pró-democracia, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2010 e possivelmente o espinho mais incômodo para Pequim — provocou críticas à China em todo o mundo. (Foto: Reprodução)

A morte de Liu Xiaobo — escritor e ativista pró-democracia, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2010 e possivelmente o espinho mais incômodo para Pequim — provocou críticas à China em todo o mundo. Pequim, no entanto, conquistou tanta influência econômica e política que pode desconsiderar qualquer discordância.

O crescimento econômico do país permitiu que os chineses negligenciassem a democracia e a liberalização sociopolítica. Nas últimas décadas, a China aperfeiçoou a arte de como pressionar o resto do mundo — e não o contrário.

Qualquer líder presente na cúpula do G-20 em Hamburgo, no início do mês, poderia ter discutido a deterioração da saúde de Liu Xiaobo ou a situação dos direitos humanos na China. Mas ninguém o fez — nem a premiê alemã Angela Merkel, que tinha oferecido tratamento a Liu na Alemanha.

Como têm feito nos últimos anos, os líderes provavelmente decidiram não antagonizar a China.

Em 1989, quando os tanques entraram no centro de Pequim e mataram muitos estudantes desarmados, que protestavam pacificamente pela democracia e contra a corrupção, a comunidade mundial, liderada pelo G-7 (o grupo dos países mais industrializados), impôs várias sanções à China.

Em 2010, quando Liu Xiaobo foi premiado com o Nobel, a história foi outra. A China havia dado um salto simbólico, naquele ano, superando o Japão como segunda maior economia do mundo. Fortalecida, Pequim antagonizou abertamente a Noruega, insistindo que Liu era um criminoso e que homenageá-lo ia contra o espírito da premiação. A China instou outros países a boicotar a cerimônia de premiação, sugerindo “consequências” para quem participasse.

O governo chinês permanece hostil àqueles que desafiam o regime, tornando mais difícil, para os ativistas pró-democracia no país, receberem apoio internacional.

Pequim encontrou o ponto vulnerável da Noruega e pressionou-o. Embora o Comitê do Nobel seja independente do governo, a China impôs sanções contra o país escandinavo. Um alvo foi o salmão. Segundo dados da Noruega, as exportações de salmão inteiro para a China caíram de mais de 1 milhão de kg, em dezembro de 2010, para cerca de 315 mil kg em janeiro de 2011 e 75 mil kg em fevereiro.

Após seis anos de pressão contínua, os noruegueses jogaram a toalha. Em 19 de dezembro de 2016, o ministro das Relações Exteriores da Noruega, Borge Brende, fez uma visita sem aviso prévio a Pequim para um firme aperto de mãos com o ministro chinês, Wang Yi, para marcar a normalização das relações bilaterais.

A reaproximação veio com um custo para Oslo, na sua reputação de defesa dos direitos humanos e promoção de valores democráticos — papel que reivindicou e promoveu durante décadas.

A declaração conjunta com Pequim reconhece que a deterioração da relação bilateral deveu-se exclusivamente ao “Prêmio Nobel da Paz e a eventos ligados ao prêmio”. Acrescenta que o “lado norueguês está totalmente consciente da posição e das preocupações do lado chinês, e trabalhou ativamente para trazer as relações bilaterais de volta ao caminho certo”.

O documento prossegue, afirmando que Oslo “respeita plenamente o caminho e o sistema social de desenvolvimento da China” e elogia o “desenvolvimento histórico e incomparável que ocorreu” na China. A Noruega também reiterou “seu compromisso para com a política de uma só China”. Não há menção a direitos humanos e a princípios democráticos, que, de acordo com o site oficial do governo de Oslo, estão “no cerne da política externa norueguesa”.

Como sinal de que as relações se recuperaram completamente, a premiê da Noruega, Erna Solberg, chefiou uma delegação em visita oficial à China no início de abril. O objetivo principal era conhecer os líderes chineses e renovar a cooperação política e econômica.

Não é justo focar unicamente a Noruega. “Outros países não ergueram suas vozes em defesa da Noruega e, finalmente, o que aconteceu foi que a Noruega, de certa forma… rendeu-se à intimidação chinesa”, diz Lee Cheukyan, veterano ativista pelos direitos humanos em Hong Kong.

Com efeito, os líderes ocidentais foram discretos em seus comentários sobre a morte de Liu Xiaobo. O tratamento de Liu Xia é outra preocupação séria — um aspecto sobre o qual nenhum grande governo ocidental se atreveu a confrontar diretamente a China.

“Respeitem a soberania judicial da China”, exigem seus líderes. “Não interfiram nos assuntos internos da China usando casos individuais”. (Valor)

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https://www.osul.com.br/china-usa-poder-economico-para-calar-criticas/ A China usa o poder econômico para calar as críticas 2017-07-23
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