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Mundo Cientista de 104 anos morre em suicídio assistido ao som de Beethoven

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O cientista David Goodall em um quarto de uma clínica de Liestal, na Suíça, onde ele pôs fim à própria vida. (Foto: Reprodução)

O cientista David Goodall, de 104 anos, pôs um fim à sua própria vida na manhã desta quinta-feira (10) em uma clínica na Suíça, cercado pela família e ouvindo “Ode à Alegria”, de Beethoven. Nascido no Reino Unido, ele fez uma campanha no país onde morava, a Austrália, para ser autorizado a realizar suicídio assistido. Goodall não tinha nenhuma doença grave ou terminal, mas alegava que já havia vivido muito e que sua qualidade de vida estava aquém do que ele gostaria.

O professor e cientista precisou viajar até a Suíça, onde as leis permitem que uma pessoa possa se matar legalmente, ao contrário da Austrália, onde o ato permanece proibido.

Cheesecake na última refeição

Em suas últimas horas, Goodall desfrutou de seu jantar favorito: peixe e batata frita, com cheesecake como sobremesa. E, em seus minutos finais, ele ouviu a Nona Sinfonia de Beethoven, mais conhecida por seu último movimento, “Ode à Alegria”. Ele morreu logo após o término da peça musical.

A morte assistida é legal no Canadá, Holanda, Luxemburgo, Suíça e partes dos EUA. No processo pelo qual Goodall passou para morrer, ele apenas precisou girar uma espécie de roda que permitia que uma infusão letal fluísse em sua corrente sanguínea através de seu braço.

Botânico e ecologista, o idoso fez uma longa campanha em favor da morte assistida na Austrália – o Estado de Victoria está planejando legalizar esse procedimento para doentes terminais a partir de 2019. Ele foi para a clínica da organização suíça pela morte assistida chamada Círculo de Vida, acompanhado pelo médico Philip Nitschke, fundador do grupo australiano Exit International, que defende o direito à morte digna.

“O que eu gostaria é que outros países seguissem a liderança da Suíça e disponibilizassem essas instalações para todas as pessoas, desde que atendam aos requisitos e às exigências não apenas de idade, mas também da capacidade mental”, disse Goodall, ao britânico “Guardian”.

Goodall dispensou funeral

Embora o cientista não fosse um doente terminal, sua visão e sua mobilidade se deterioraram consideravelmente nos últimos anos. Ele afirmou que sua vida deixou de ser agradável “cinco ou dez anos atrás”.

Goodall pediu que seu corpo fosse doado à medicina ou, se isso não fosse possível, que suas cinzas fossem espalhadas pela Suíça. Ele não queria ter um funeral, já que não acreditava na vida após a morte.

Ele voou de Perth, onde sua filha, filho e netos também moram, para a França na semana passada para ver parentes antes de chegar à clínica em Liestal, na Suíça. Seu caso causou polêmica na Austrália, com médicos em Perth ameaçando até mesmo impedi-lo de voar para a Europa.

O centenário passou seu último dia inteiro explorando os jardins botânicos da Universidade de Basileia com três de seus netos, que disseram estar orgulhosos de sua bravura diante da grande atenção do público e estavam felizes por ele morrer de acordo com sua própria vontade.

Ressentimento pelas leis da Austrália

Em sua última coletiva de imprensa, na quarta-feira, Goodall estava de bom humor e cantarolou alguns versos de “Ode à Alegria”. O cientista disse que preferiria morrer na Austrália e expressou seu ressentimento pelas leis do país.

“Felizmente, minha família, que está em várias partes da Europa e da América, se reuniu e veio me ver, e eu agradeço a oportunidade de vê-los, o que eu provavelmente não teria se não tivesse perseguido essa opção pela Suíça”, disse ele aos jornalistas, na ocasião.

Ele confessou não entender bem o interesse público pelo seu caso. “Na minha idade, ou até com menos da minha idade, as pessoas querem ser livres para escolher a morte quando a morte parece vir em um momento apropriado”, disse ele.

‘Morte digna é direito de todos’

A Exit International, que ajudou Goodall a fazer a viagem, ressaltou que é injusto que um dos “cidadãos mais antigos e proeminentes da Austrália seja obrigado a viajar para o outro lado do mundo para morrer com dignidade”.

“Uma morte digna e pacífica é o direito de todos”, disse a organização em seu site na segunda-feira. “E uma pessoa não deve ser forçada a sair de casa para alcançá-la.”

No entanto, o presidente da Associação Médica Australiana, Dr. Michael Gannon, diz estar preocupado que o “suicídio de alguém com 100 anos” seja celebrado.

“Qual é a idade em que não celebramos mais as pessoas continuando a vida?”, questionou ele, também ao “Guardian”. “Pessoas como Goodall tomam uma decisão baseada na ideia de que não há mais nada para se viver. Eu acho que é uma linha perigosa para atravessar.”

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https://www.osul.com.br/cientista-de-104-anos-morre-em-suicidio-assistido-ao-som-de-beethoven/ Cientista de 104 anos morre em suicídio assistido ao som de Beethoven 2018-05-10
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