Sábado, 20 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 21 de dezembro de 2016
Para o cientista político Rogério Arantes a crise política evoluiu para uma crise institucional “inédita” entre poderes e tende a se aprofundar com o ápice da Operação Lava-Jato e as delações de 77 executivos da Odebrecht. Baseado nos oito anos de duração do mensalão no Supremo Tribunal Federal, Arantes estima: “A Lava-Jato pode facilmente superar esse tempo, chegando a 2025 ou mais”.
Ao maior escândalo de corrupção do País juntam-se o descrédito da classe política e características do sistema brasileiro. É o caso da pulverização partidária no Congresso e o seu congênere no Supremo Tribunal Federal, o monocratismo da atuação individualista de ministros midiáticos, quando o momento requer equilíbrio. Falta coordenação e sobram desarmonia, “falação fora dos autos” e “desavenças” entre colegas da própria Corte. “Há tempos as instituições da República não se expunham de modo tão explosivo como agora”, afirma.
Episódios como a recusa do presidente do Senado Renan Calheiros em cumprir ordem judicial mostram que “dobramos a esquina da institucionalidade”, aponta o cientista político. “Saímos do ‘governo das leis’ para o ‘governo dos homens’”, ressalta.
Arantes diz que a decisão do Supremo de manter Renan no cargo faz parte desse processo ruinoso. Mas não teria tanto a ver com o convencimento dos ministros de que afastá-lo poderia agravar a crise econômica. A saída da Corte, como previsto pela teoria, foi racional mas no sentido de preservar seu papel de detentora da “última palavra”.