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Ciência Cientistas brasileiros descobriram como prevenir o Alzheimer

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Pesquisa realizada na China e Reino Unido acompanhou mais de 460 mil pessoas em 13 anos. (Foto: Reprodução)

Cientistas brasileiros descobriram um caminho para prevenir e potencialmente tratar o Alzheimer, a doença neurodegenerativa que mais avança no mundo à medida que a população envelhece e para a qual não há cura. A chave é o exercício físico. A irisina, um hormônio produzido pelos músculos quando praticamos exercícios, protege o cérebro e restaura a memória afetada pela doença, revelou o estudo. As informações são do jornal O Globo.

Batizada em alusão à mensageira dos deuses, Íris, a irisina era associada apenas à queima de gordura. Mas um grupo de cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) descobriu que, no cérebro, ela é importante para que os neurônios possam se comunicar e formar memórias. A descoberta tem duas implicações. A primeira é que já se pode dizer que o exercício, mesmo que ainda exista muito o que estudar, contribui para a prevenção do Alzheimer.

“Ainda não sabemos a dose certa de exercício (para que haja esse efeito). Mas ele certamente é fundamental para o metabolismo do cérebro e das doenças provenientes do desequilíbrio deste, como o Alzheimer. Temos que caminhar, nadar, pedalar ou correr. O tipo de exercício não importa. O fundamental é se exercitar, sempre, tornar isso parte da vida, rotina. Não é fácil, mas compensa”, afirma Fernanda de Felice, uma das coordenadoras do estudo conduzido pelos institutos de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis e de Biofísica Carlos Chagas Filho, ambos da UFRJ, e da Queen’s University, no Canadá.

O outro desdobramento mais distante da pesquisa publicada em uma das mais importantes revistas científicas do mundo, a “Nature Medicine”, é a possibilidade de desenvolver medicamentos à base de irisina ou de seus mecanismos para pessoas que estão com a doença ou que não podem fazer exercícios, como deficientes físicos. “O exercício, por liberar irisina, atua duplamente: na prevenção da perda de memória e na restauração da que foi perdida”, observa Sérgio Ferreira, que é outro autor do trabalho e professor dos institutos de Biofísica e de Bioquímica Médica da UFRJ.

A origem do estudo está nas pesquisas de Felice, neurocientista da UFRJ e da Queens’s University, no Canadá, sobre a associação entre os hormônios e o Alzheimer. Há dez anos, ela começou a obter os primeiros indícios da relação entre este tipo mais comum de demência e o diabetes. Os diabéticos, especialmente os do tipo 2, têm maior risco de desenvolver a doença, causadora da resistência à insulina, que no cérebro também está associada à comunicação entre os neurônios. O estudo com a irisina, que também atua sobre o metabolismo cerebral, foi um desdobramento dessas pesquisas.

O metabolismo cerebral é uma caixa que a ciência mal começou a abrir. Dentro dela, está a chave para compreender como o cérebro conversa o tempo todo com o restante do organismo. “Se quisermos entender uma doença com a complexidade do Alzheimer, precisamos compreender a integração entre o cérebro e o corpo. O cérebro não funciona sozinho, não flutua no vácuo”, diz Sérgio Ferreira.

O exercício funciona com um gatilho para os músculos liberarem irisina. Ela vai para o tecido adiposo branco, a chamada gordura ruim, e a transforma em bege, uma forma intermediária de gordura menos nociva. A irisina é uma “maestrina” do metabolismo. Ela atua positivamente sobre o equilíbrio de ossos e pulmões, e o grupo de brasileiros comprovou agora que também está ativa no cérebro.

A primeira descoberta do grupo foi ver que havia menos irisina no cérebro de pessoas com Alzheimer. Isso foi feito com análises do post-morten de tecido cerebral e de líquor de pacientes vivos. O achado foi confirmado no cérebro de camundongos geneticamente alterados para desenvolver a doença humana. O prosseguimento do estudo com roedores mostrou que a concentração de irisina afeta a memória. Menos irisina, menos memória. E se os animais doentes receberem irisina, a memória é recuperada.

O terceiro passo foi mostrar que a irisina também é produzida pelo cérebro, e não apenas pelos músculos. Isso foi feito com experiências com camundongos levados a nadar uma hora por dia durante cinco semanas. O exercício não só aumentou a concentração de irisina como também tornou os animais mais aptos a aprender.

E então veio a dúvida. Será que era apenas a ação da irisina ou havia alguma outra substância ativada pelo exercício. Camundongos foram mais uma vez geneticamente alterados para se tornarem insensíveis à irisina. Nesses roedores, o exercício não fazia efeito. Foi a comprovação de que sim, era ela a substância ligada ao exercício que atuava sobre a memória.

“O próximo passo será saber o quanto de exercício ao longo da vida é necessário para conseguir uma ação protetora contra o Alzheimer”, afirma Sérgio Ferreira. Os cientistas também não descobriram ainda como a irisina atua para impedir que as placas de beta-amiloide características da doença ataquem os neurônios.

Além da possibilidade de prevenir a demência, o estudo abre uma porta para desenvolver uma nova droga. A classe de drogas mais recente contra a doença têm 15 anos – e não resolve. Seus efeitos são temporários, efetivos apenas para metade dos pacientes, e os remédios podem ser usados apenas por cerca de um ano e meio.

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https://www.osul.com.br/cientistas-brasileiros-descobriram-como-prevenir-o-alzheimer/ Cientistas brasileiros descobriram como prevenir o Alzheimer 2019-01-07
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