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Brasil Cientistas brasileiros testam o uso do veneno de cobra no tratamento da hepatite C

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Além da cascavel, os pesquisadores investigam as propriedades de uma planta no combate ao vírus da doença. (Foto: Reprodução)

As folhas de uma planta e o veneno de uma cobra estão no centro de pesquisas da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo), em São José do Rio Preto (SP) para o tratamento da hepatite C. Em testes feitos em laboratório, compostos retirados das folhas do amendoim-bravo e do veneno da cobra cascavel-de-quatro-ventas e o composto sintético Fac4, produzido em laboratório, mostraram-se eficazes no combate ao vírus da doença.

Os resultados são o passo inicial para a criação de uma vacina. Ainda não há imunização para esse tipo de hepatite – há apenas contra as hepatites A e B. O tipo C da doença é causada pelo VHC, transmitido principalmente por sangue contaminado. É uma das formas mais agressivas entre as hepatites virais e pode levar o paciente à morte quando não diagnosticada e tratada precocemente.

De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil há cerca de 150 mil pessoas diagnosticadas com a doença, que é a maior responsável pelos casos de cirrose hepática e pela necessidade de transplantes de fígado.

No ano passado, o governo anunciou a oferta na rede pública de um novo tratamento para todas as pessoas diagnosticadas com hepatite C, independentemente do grau de comprometimento do fígado. Os medicamentos sofosbuvir, daclatasvir ou simeprevir, que apresentam cura de cerca de 90%, estarão disponíveis nas unidades básicas de saúde.

Veneno

A primeira das pesquisas feita com veneno da cascavel-de-quatro-ventas (Crotalus durissus terrificus). Duas proteínas presentes nele foram testadas em culturas de células humanas para avaliação de sua capacidade antiviral. São elas a fosfolipase A-2 e a crotapotina e o complexo crotoxina, formado da junção das duas proteínas.

Na primeira fase dos testes, onde foi estudada a capacidade do vírus de se replicar dentro da célula, verificou-se que a fosfolipase conseguiu reduzir em 86% a produção de novas cópias do vírus e a crotoxina, em 58%.

A segunda etapa buscou analisar se os compostos conseguiam bloquear a entrada do vírus na célula. Nessa fase, os resultados se mostraram mais animadores, com índice de 97% para a fosfolipase e 85% para a crotoxina.

“Esse trabalho é um passo inicial para o desenvolvimento de novos tratamentos. No futuro esperamos que ele auxilie os [tratamentos] já existentes, complementando-os e ainda melhorando-os”, diz a pesquisadora da UFU (Universidade Federal de Uberlândia) Ana Carolina Gomes Jardim, que iniciou os trabalhos com o grupo da Unesp.

O maior desafio nos testes com o vírus da hepatice C é sua grande capacidade de mutação dentro da célula. “Ele [vírus] muda a todo momento. Em cada célula de um mesmo paciente ele se apresenta de uma maneira”, diz a pesquisadora Paula Rahal, da Unesp.

Planta

Já no outro trabalho, pesquisadores testaram os compostos presentes em uma planta tipicamente brasileira, encontrada na encosta de rodovias: o amendoim-bravo. Os flavanoides sorbifolina e pedatilina, presentes na folha, foram isolados. Em testes “in vitro”, idênticos aos com o veneno, eles se mostraram eficazes na inibição da entrada do vírus na célula. Em 79% dos casos a pedalitina bloqueou a entrada do vírus e a sorbifolina, em 45%.

“Descobrimos um composto inédito. Até então, só havia compostos que atuavam no vírus quando ele já estava instalado na célula, não que os bloqueassem na entrada dela”, diz o pesquisador Luiz Otávio Regasini. “Podemos dizer que esse é um primeiro passo para a possível criação de uma vacina para a doença.”

Os trabalhos começaram a ser realizados em 2013 e mais de 300 compostos foram estudados desde então. As pesquisas foram publicadas nas revistas científicas “Plos One”, de acesso livre, e “Scientific Reports”,do grupo Nature, em novembro de 2017. Agora, seguem para uma nova fase: testes em outros seres vivos, como ratos, para ver se os compostos são seguros e eficazes.

Também foram feitos testes com um composto sintético, o Fac4, e os resultados foram ainda melhores. O composto, cuja matéria-prima é importada da Alemanha, foi modificado em laboratório para testar a sua eficiência contra o vírus. Segundo a pesquisa, ele inibiu 92% da replicação do vírus dentro da célula. “Já havia alguns testes com esses compostos em vírus da Aids, por exemplo, agora sabemos que ele também tem eficácia contra a hepatite C”, afirma Regasini.

 

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https://www.osul.com.br/cientistas-brasileiros-testam-o-uso-do-veneno-de-cobra-no-tratamento-da-hepatite-c/ Cientistas brasileiros testam o uso do veneno de cobra no tratamento da hepatite C 2018-02-19
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