Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 1 de junho de 2018
Cientistas da Universidade de Newcastle, na Inglaterra, revelaram a descoberta de uma técnica experimental que pode ajudar milhões de pacientes na lista de espera por um transplante de córnea. As informações são do site CanalTech e da agência de notícias Ansa.
No projeto comandado pelo professor de engenharia de tecidos Che Connon, os pesquisadores conseguem recriar a membrana utilizando uma simples bioimpressora 3D. Eles fizeram a combinação de células-tronco de córneas saudáveis com colágeno e alginato, uma forma de açúcar utilizada na reconstrução de tecidos. Essa mistura resulta na bio-ink, ou bio-tinta, uma solução imprimível que permite criar uma córnea em apenas 10 minutos.
A córnea é um tecido localizado na parte da frente do olho e é o primeiro local pelo qual a luz externa passa. O objetivo da córnea no corpo humano é ajudar os olhos a focarem, além de proteger contra bactérias e sujeiras encontradas no ar. Porém, por estar localizado na camada externa do globo ocular, acaba se tornando bastante suscetível a lesões.
Atualmente, no mundo todo, existem cerca de 10 milhões de pessoas correndo risco de perder a visão devido a lesões na córnea causadas, principalmente, por doenças infecciosas como o tracoma. No entanto, o transplante não é feito com frequência devido à escassez de membranas disponíveis.
Além disso, cerca de 5 milhões de pessoas sofrem de cegueira total devido a lesões na córnea, como queimaduras, lacerações, escoriações ou doenças.
Connon conta que o seu gel exclusivo, produzido com a combinação de alginato e colágeno, tem a capacidade de manter as células-tronco vivas enquanto produz um material rígido o suficiente para que sua forma seja mantida, porém macio o suficiente para que seja espremido pelo bocal de uma impressora 3D. Antes de fazer a impressão, os cientistas examinaram os olhos de pacientes para fazer medições de dimensões e coordenadas.
Com a nova tecnologia, os pesquisadores acreditam em uma esperança futura para aqueles que estão há anos aguardando sua vez na lista de transplantes, e também para quem possui deficiências mais graves.
“Estamos muito satisfeitos com o sucesso dos pesquisadores da Universidade de Newcastle no desenvolvimento da impressão 3D de córneas usando tecido humano”, disse o doutor Neil Ebenezer, diretor de pesquisa, política e inovação da organização Fight for Sight.
“Essa pesquisa destaca o progresso significativo que foi feito nesta área, o que impactaria positivamente alguns pacientes que vivem com perda de visão”, afirmou.
“No entanto, é importante ter em mente que estamos longe de viabilizar essa tecnologia para os pacientes, e ainda é vital que as pessoas continuem a doar o tecido da córnea para transplante. (…) Um transplante de córnea pode dar a alguém de volta o dom da visão.”