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Por Redação O Sul | 20 de julho de 2017
Cientistas do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça, fabricaram um coração artificial em uma impressora 3D. A peça de silicone conseguiu “viver”, reproduzindo perfeitamente as pulsações de um órgão verdadeiro, mas “bateu” por menos de uma hora.
O coração artificial possui tamanho igual ao de um real no corpo humano, contendo válvulas, artérias, ventrículos e até um músculo artificial capaz de realizar o bombeamento de sangue. A peça conseguiu contabilizar três mil batidas, o que significa um tempo de vida de menos de uma hora caso fosse colocada em um ser humano.
Segundo o pesquisador Nicholas Cohrs, em entrevista à Ansa, o estudo foi realizado para desenvolverem novas formas de corações artificiais. Em 2015, médicos de Manchester, na Inglaterra, reproduziram um coração 3D com os mesmos métodos desenvolvidos em Zurique para salvar a vida de uma menina de dois anos.
Implante
Os corações artificiais, que vão nos próximos anos substituir progressivamente a transplantação, foram este ano implantados com sucesso em Portugal. O primeiro implante de um coração artificial bem sucedido ocorreu em um doente de 64 anos, numa intervenção feita no Hospital de Santa Marta pela equipa do cirurgião José Fragata, pioneiro em várias intervenções na área cardiotorácica em Portugal. O doente sofria de insuficiência cardíaca e não podia receber um coração transplantado devido aos danos que lhe provocaria, nos rins, a medicação.
A solução passaria por um coração transplantado, mas o facto de o doente sofrer de doença renal e por causa dos efeitos nos rins dos fármacos para a imunodepressão, essa hipótese foi posta de lado.
Assim, em março, este doente português juntou-se, aos 1.200 que em todo o mundo, na altura, tinham já recebido um coração artificial daquela geração, podendo chegar a viver 11 a 12 anos.
Trata-se de “uma bomba muito diferenciada, que funciona por levitação magnética, aspira o sangue da ponta esquerda do coração e injeta na aorta e que está ligada por uma ‘drive line’ que sai pela parede abdominal do doente e que se liga a um conjunto de baterias”, explicou, na altura, o cirurgião José Fragata. No fundo, comparando, “é como um telemóvel que tem carga de 17 horas e que à noite é preciso ligar a um carregador”.
Das 20 a 30 pessoas que aguardam por um transplante de coração em Portugal, este coração artificial deverá ser uma resposta para “quatro, cinco ou seis”, estima José Fragata. Perto de 50 portugueses recebem todos os anos, em média, um novo coração, sendo que o número de transplantes cardíacos é “muito inferior às necessidades”, segundo a Sociedade Portuguesa de Cardiologia.
Os cardiologistas estimam que nas próximas décadas a transplantação seja progressivamente substituída pelo coração artificial e outras formas de assistência ventricular mecânica. O número de dadores de coração tem vindo a diminuir e a qualidade dos dadores também constitui uma ameaça à transplantação cardiovascular.