Terça-feira, 23 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 11 de agosto de 2019
Um novo estudo mostrou como as primeiras proteínas, os blocos de construção fundamentais da vida, poderiam ter surgido. Pesquisadores do Georgia Institute of Technology simularam as condições da Terra na época em que ela ainda era um planeta sem vida e compararam diferentes tipos de aminoácidos. O resultado foi uma reação inesperada.
Foi há cerca de 4 bilhões de anos que algo mudou no planeta e fez com que propriedades biológicas começassem a surgir, dando origem à vida. Muitos cientistas acreditam que os aminoácidos foram parcialmente responsáveis por essa mudança. Essas moléculas teriam se ligado, desligado, e finalmente se juntaram para formar a vida como a conhecemos.
As novas descobertas podem nos trazer boas pistas sobre como e porque isso aconteceu. “Como a química resultou em vida complexa é uma das questões mais fascinantes que a humanidade tem ponderado”, disse Luke Leman, Ph.D., professor assistente de química na Scripps Research. “Há muitas teorias sobre as origens das proteínas, mas não há muito apoio experimental em laboratório para essas ideias”.
Leman co-liderou o estudo sobre o assunto, que foi publicado no Proceedings of National Academy of Sciences. Ele trabalhou em colaboração com os pesquisadores do Georgia Institute of Technology e do Center for Chemical Evolution. Moran Frenkel-Pinter, autor do artigo, explica que a pesquisa ajudará a entender como os peptídeos– compostos formados pela união de dois ou mais blocos de aminoácidos, resultando em proteínas que compõem todo organismo – poderiam ter se formado inicialmente na Terra.
Buscando respostas para mistérios sobre a vida
Um dos mistérios sobre a vida que incomodam Leman e muitos outros cientistas é que todos os seres vivos do nosso planeta formam suas proteínas a partir do mesmo conjunto de 20 aminoácidos. Por que esse conjunto específico, se existem muitos outros por aí? “Na Terra pré-biótica, haveria um conjunto muito maior de aminoácidos”, disse Leman. “Há algo de especial nesses 20 aminoácidos, ou eles foram congelados em um momento pela evolução?”
Com o novo estudo, os pesquisadores parecem ter encontrado uma resposta. Acontece que os tipos de aminoácidos que sabemos serem usados em proteínas são os mais propensos a se unirem, pois juntos eles reagem de forma mais eficiente e têm poucas reações colaterais que poderiam atrapalhar o processo.
“Este trabalho é um passo real para entender por que certos componentes são encontrados nas proteínas essenciais para a vida”, destacou Kathy Covert, diretora de programa do National Science Foundation’s Centers for Chemical Innovation. “Através de pesquisas como essa, o Centro está realizando sua missão ambiciosa de esclarecer as químicas dos biopolímeros, uma fundação de todos os seres vivos”.