Sábado, 20 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 25 de janeiro de 2017
Cientistas russos identificaram um gene que causa a depressão, em uma pesquisa que atormentou os especialistas durante anos e que deve facilitar o caminho para a cura dessa doença mental cada vez mais comum.
“Até então, não havia sido encontrado nenhum gene que fosse catalisador da depressão. A informação contida no gene que identificamos é muito valiosa”, disse Tatiana Axenovich, professora de Biologia do Instituto de Citologia e Genética de Novosibirsk, na Sibéria.
Ela e sua equipe de especialistas projetaram novos métodos estatísticos para localizar esse gene com a ajuda de computadores. “Até agora, para identificar o gene era preciso examinar, pelo menos, cerca de 50 mil pessoas, o que era algo irreal. Por outro lado, chegamos com duas mil”, explicou.
Os pesquisadores utilizaram os dados cedidos pelo Centro Médico Erasmus, de Roterdã (Holanda), que se dedica a estudar a depressão, cuja arquitetura genética é extremamente complexa. Quanto menor for o efeito do gene – algo característico da depressão –, maior será a seleção de pacientes necessária para sua identificação.
“A chave foi não estudar cada variante genética separadamente, como é tradicional, mas o gene completo, especialmente as variantes que alteram o DNA”, detalhou. Além disso, os cientistas se concentraram em estudar não tanto o diagnóstico, mas os sintomas, o que permite determinar a predisposição de uma pessoa a entrar em uma depressão.
Os cientistas já tinham identificado dezenas de genes que provocam a esquizofrenia, doença com uma contribuição genética similar à depressão, mas no caso desta última a busca foi muito mais árdua. “Foi muito difícil de localizar o gene, mas não é um só. Ninguém sabe com exatidão quantos há, mas podem ser várias dezenas de genes que causam a depressão”, admitiu Tatiana.
Embora já existam antidepressivos, ela acredita que a identificação do gene oferece aos laboratórios informação muito útil ao criar novos remédios para combater uma doença que se transformou em um desafio para a saúde pública.“Por exemplo, com ajuda do gene será possível investigar mais profundamente o mecanismo que catalisa a aparição dos sintomas depressivos.” (AG)