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Política Ciro Gomes ajudou a pautar a eleição, mas não conseguiu ampliar alianças

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O candidato do PDT Ciro Gomes concorre pela terceira vez à Presidência. (Foto: Reprodução)

“I have to be more presidential”, repetia Ciro Gomes, 60 anos, em tom de brincadeira, aos pouco mais de cem acadêmicos que lotavam uma pequena sala na sede da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), em São Paulo, em uma manhã em meados de setembro.

Enquanto discorria sobre suas propostas para o setor, o candidato do PDT (Partido Democrático Trabalhista), que concorre pela terceira vez à Presidência, soltava críticas ácidas a adversários. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Entre um disparo e outro – como um “imbecil” desferido em relação ao governo de Michel Temer –, fazia piada sobre seu esforço para parecer “mais presidencial”, repetindo o bordão em inglês, numa espécie de autocrítica irônica à agressividade verbal, que virou uma de suas marcas.

Àquela altura, o pedetista havia estacionado em terceiro lugar na preferência dos eleitores, depois de um salto que chegou a alçá-lo a segundo na corrida. Ciro não murchou como Marina Silva (Rede), mas foi ultrapassado por Fernando Haddad (PT), que abriu dez pontos de vantagem.

Na tentativa de conquistar indecisos, o político – que vive desde os 4 anos no Ceará, embora tenha nascido em Pindamonhangaba (SP) – tentou se vender como uma terceira via à polarização entre a esquerda de Haddad e a direita de Jair Bolsonaro (PSL).

Mas seu currículo, marcado pela passagem por sete partidos de diferentes espectros ideológicos, tem servido de munição a adversários por suposta incoerência.

“Ninguém sabe onde ele está. Tem hora que parece estar na esquerda, tem hora que parece estar no centro”, diz Danilo Forte, deputado federal pelo PSDB.

Em resposta, Ciro diz que incoerentes são os partidos, que mudam de princípios, e não ele, que se manteve fiel ao projeto pelo qual foi muito bem avaliado na breve atuação como prefeito de Fortaleza e, depois, como governador.

O Ceará tem ótimos resultados educacionais, mas péssimos índices de criminalidade. Ciro culpa outros Estados – como Rio de Janeiro e São Paulo que estariam exportando facções – pela alta da violência, mas atribui o bom desempenho na educação à consistência de programas que construiu com aliados.

Ao público de menor renda, o pedetista direcionou a proposta que mais ressoou na atual campanha: a renegociação de dívidas de consumidores incluídos em listas de devedores.

Considerada de difícil implementação, a promessa forçou outros candidatos a abordarem o drama dos endividados, mas não parece ter sido suficiente para reverter o quadro eleitoral.

Especialistas acreditam que a história poderia ter sido outra se Ciro não tivesse ficado isolado e com pouquíssimo tempo na campanha televisiva. Articulações comandadas pelo ex-presidente Lula tiraram do PDT o almejado apoio do PSB, que declarou neutralidade no pleito nacional. Segundo políticos, a tentativa de comedimento verbal de Ciro também chegou tarde.

“É um dos caras mais inteligentes do Brasil, mas se excede. Se não tivesse falado demais, talvez o centro tivesse ficado com ele”, diz Paulinho da Força, deputado do Solidariedade e sindicalista, que foi o vice de Ciro em 2002.

O centro (ou “centrão”) é referência ao bloco formado por PP, PR, DEM, PRB e Solidariedade, que chegou a flertar com Ciro, mas acabou selando apoio a Geraldo Alckmin, do PSDB.

Líderes do grupo alegam que episódios que reforçaram um lado pouco “presidencial” de Ciro foram cruciais para a decisão. Um deles ocorreu em julho, quando o candidato se irritou com um inquérito por injúria racial aberto contra ele pelo Ministério Público e xingou seu autor de filho da puta.

Soube-se depois que a responsável pelo pedido era uma mulher. A atitude da promotora havia sido motivada por outra fala polêmica de Ciro, que chamou o vereador Fernando Holiday, do DEM, de “capitãozinho do mato”.

Além do inquérito, o episódio rendeu ao candidato um processo movido por Holiday – que se somou a outras dezenas que coleciona – e desgaste de imagem.

Com um aliado único pequeno, o Avante, Ciro seguiu com a candidatura, tendo como vice a senadora Kátia Abreu, ex-ministra da Agricultura, amiga da ex-presidente Dilma Rousseff e recém-chegada ao PDT.

Aliados dizem que o pedetista está mais moderado. “O Ciro de 2002 tinha ainda arroubos de juventude. Agora, tem experiência, o que o torna autêntico, sem explodir por qualquer coisa”, diz o deputado federal cearense André Figueiredo.

Carlos Lupi, ex-ministro do Trabalho e presidente do PDT, reitera que Ciro está mais maduro, acrescentando em seguida que “a população não quer escolher ninguém para casar”, mas alguém experiente, com propostas.

Sobre o risco de que Ciro não tenha convencido um número suficiente de eleitores de que é esse candidato que buscam, Lupi diz que o partido conta com o “voto silencioso”, não captado pelas pesquisas.

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