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Economia Com a bênção dos Estados Unidos, a Argentina vem tirando do Brasil o papel de protagonista entre os países sul-americanos

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Segundo uma fonte do governo brasileiro, o Brasil tem interesses diferentes em muitas questões e não aceita uma subordinação aos Estados Unidos. (Foto: Beto Barata/PR)

Sem crédito no mercado externo e patinhos feios da região até 2015, quando o centro-direitista Maurício Macri derrotou o peronismo e assumiu o poder, os argentinos se tornaram mais vocais em diversas áreas, entraram na rota de viagens de líderes internacionais e ganharam espaço na região, aproveitando-se da crise política brasileira.

O indicador mais recente foi no mês passado, após as eleições presidenciais na Venezuela. Os argentinos lideraram um movimento, junto com outros países, para lançar um comunicado defendendo claramente sanções aos venezuelanos, durante reunião do G20 (grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo), em Buenos Aires. O governo brasileiro se recusou a assinar o documento, argumentando que a Constituição não permite sanções ou outras medidas unilaterais, ou seja, sem o devido respaldo da ONU.

O Brasil foi um dos signatários de uma carta do Grupo de Lima, condenando as eleições, e soltou, individualmente, uma nota mais branda. O rompimento das relações entre Brasil e Venezuela, aliás, partiu de Caracas, que jamais reconheceu o governo do presidente Michel Temer.

No ano passado, a Argentina conseguiu sediar a reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC), e, no próximo mês de dezembro, será a anfitriã do encontro de líderes do G20. Para completar, na última quinta-feira conseguiu um empréstimo de US$ 50 bilhões do Fundo Monetário Internacional (FMI), um dos valores mais elevados da história do organismo multilateral de crédito.

Os argentinos contam com o apoio dos EUA para fazer parte da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), ao contrário dos brasileiros, que também são candidatos. Os americanos argumentam que o Brasil vive uma situação de instabilidade política em ano eleitoral e não há a menor certeza de que o próximo governo terá interesse em se adequar às normas da OCDE.

Outro episódio: ao negociar um acordo para não ter seu aço sobretaxado em 25% pelos americanos, a Argentina obteve regras mais vantajosas do que os brasileiros. Isso causou grande mal-estar em Brasília.

Os argentinos são, ainda, menos reticentes que o Brasil na defesa de um acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. Enquanto os negociadores brasileiros são mais cautelosos, até mesmo por causa da estrutura industrial, bem mais complexa do que a dos vizinhos, os argentinos querem o acordo para ontem.

“Um país de porte médio como a Argentina tem muito mais vantagens ao se alinhar a uma grande potência, enquanto um país do tamanho do Brasil naturalmente terá muito mais pontos de divergências”, afirma o consultor internacional Nelson Franco Jobim.

Ele lembra que, na era do ex-presidente Carlos Menem, autoridades argentinas gostavam de destacar que o país tinha uma “relação carnal” com os EUA. Em 1991, a Argentina chegou a mandar duas fragatas para a Guerra do Golfo, um apoio simbólico importante para os EUA.

“Historicamente, a direita argentina é mais próxima dos EUA. O país sempre quis adotar uma posição de satélite privilegiado dos americanos”, diz. Por outro lado, o Brasil votou contra os EUA na ONU e em outros fóruns internacionais nos últimos anos, como por exemplo em questões relativas ao Irã e à guerra civil na Síria. Na maioria dos casos, ficou ao lado da China e da Rússia, membros do Brics.

“Os EUA, especialmente um governo nacionalista como o de Trump, prestam atenção nisso. Trump gosta de lealdade”, destaca o consultor.

Segundo uma fonte do governo brasileiro, o Brasil tem interesses diferentes em muitas questões e não aceita uma subordinação. O país, argumenta essa fonte, tem uma histórica política de não alinhamento e não intervenção nos assuntos internos de outros países.

tags: Brasil

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