Quinta-feira, 25 de abril de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Mundo Com aliados em crise, Cuba procura se readaptar e aproximar a ilha de novos parceiros

Compartilhe esta notícia:

O líder cubano Raúl Castro. (Foto: Ismael Francisco/AP)

Com a mudança do cenário econômico na América Latina – principalmente no que diz respeito a seu maior parceiro na região, a Venezuela, que vive um de seus mais graves momentos de desemprego e inflação – e as recentes alternâncias políticas, Cuba precisará se readaptar para enfrentar os efeitos colaterais das crises de seus aliados. Termina, assim, uma era favorável para a ilha, que começou com a chegada de Hugo Chávez ao poder na Venezuela, em 1999 – com sua ajuda, Havana superou o isolamento e a crise econômica na qual estava mergulhada desde a queda do regime soviético no início da década de 1990.

No último ano, a Argentina deixou para trás os tempos dos Kirchner, Evo Morales perdeu um referendo para ampliar seu mandato, o presidente interino Michel Temer tomou posse no Brasil e o Equador se prepara para a possível substituição de Rafael Correa. Em abril, o governo de Raúl Castro, que até pouco tempo atrás contava com um horizonte favorável, acusou “uma forte e articulada contraofensiva imperialista” que coincide com a desaceleração da economia latino-americana.

Além de ser seu principal parceiro comercial – com um intercâmbio que chegou a US$ 7,258 bilhões em 2014 – a Venezuela fornece a Cuba 95 mil barris de petróleo diários em condições de pagamento extremamente favoráveis. Analistas calculam que a perda dessas regalias representaria um impacto negativo para Cuba de aproximadamente US$ 1,3 bilhão anuais.

Mas, apesar dos números negativos, a socióloga cubana Marlene Azor Hernández vê o desafio como um fato positivo para acelerar reformas internas no país:

“A Venezuela continua sendo seu aliado mais forte e seu primeiro sócio comercial. Mas o governo cubano mantém, há cerca de cinco anos, uma estratégia de diversificar sua dependência externa com outros parceiros econômicos, como a Europa, principalmente a Espanha, por um lado, e os Estados Unidos, de outro, além de países na América Latina, como Brasil, Chile e Uruguai. Por isso, se a crise impactará Cuba, não a asfixiará totalmente”, afirmou ela ao jornal O Globo. “O cenário é difícil, cheio de desafios, mas também é uma possibilidade positiva para que o governo cubano aprofunde as reformas econômicas internamente.”

Andy Gomez, do Instituto para Estudos Cubanos e Cubano-americanos da Universidade de Miami, por sua vez, não é tão otimista. O especialista acredita que o país terá de enfrentar grandes desafios econômicos.

“Economicamente, Cuba continuará tentando atrair turistas americanos para a ilha, bem como investidores estrangeiros ao redor do mundo. No entanto, até que o governo cubano mude sua maneira de fazer negócios, os riscos são maiores do que as oportunidades”. explicou o pesquisador. “A relação com os EUA continuará a se mover lentamente, já que questões importantes, tais como o embargo e a base de Guantánamo, não serão tratadas antes das eleições presidenciais americanas.”

Michael Shifter, presidente do Inter-American Dialogue, concorda: “A mudança de cenário político da região é menos acolhedora do que anos atrás. A retórica de apoio ao governo cubano se reduzirá”, disse o responsável pelo centro de pesquisa com sede em Washington. “Para Cuba, muito mais grave do que as mudanças políticas é a crise econômica no Brasil e, particularmente, na Venezuela.”

Para Jorge Duany, diretor do Instituto de Pesquisas Cubanas da Universidade da Flórida, também nos EUA, Cuba já se antecipou ao cenário adverso. “É possível interpretar a aproximação diplomática do governo de Raúl Castro com os Estados Unidos, em parte, como uma resposta preventiva à contínua deterioração econômica e política da Venezuela”, afirmou. (Marina Gonçalves/AG)

tags: Brasil

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Mundo

Investigações sobre Mauricio Macri e Cristina Kirchner alteram panorama político argentino
O pai de um adolescente que teve 80% do corpo queimado em um acidente aéreo procura o piloto: ele pode explicar os fatos
https://www.osul.com.br/com-aliados-em-crise-cuba-procura-se-readaptar-e-aproximar-ilha-de-novos-parceiros/ Com aliados em crise, Cuba procura se readaptar e aproximar a ilha de novos parceiros 2016-05-22
Deixe seu comentário
Pode te interessar