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Saúde Começa a chegar ao Brasil um tipo de exame que promete melhorar o tratamento do câncer: a chamada biópsia líquida

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Novidade é resultado de décadas de pesquisa sobre a genética do câncer. (Crédito: Reprodução)

Começa a chegar ao Brasil um tipo de exame que promete melhorar o tratamento do câncer. Acena com mais eficácia e menos sofrimento. A chamada biópsia líquida é simples e indolor. Basta uma coleta de sangue convencional. Diferente é a análise molecular sofisticada, capaz de identificar fragmentos de DNA de tumores na corrente sanguínea e indicar sua presença antes mesmo destes se tornarem visíveis em análises convencionais, em uma fase em que podem ser bloqueados.

A novidade livra pacientes de procedimentos mais caros e invasivos, as biópsias tradicionais, que demandam internação, participação de vários profissionais e têm riscos. Porém, a biópsia líquida é indicadora de terapias caras, inacessíveis para a esmagadora maioria das pessoas com câncer. O exame informa ao médico que droga pode combater determinada mutação genética ligada ao câncer do paciente. São drogas chamadas de terapias-alvo. Têm menos efeitos colaterais justamente porque são específicas.

A biópsia líquida não substitui a biópsia convencional para o diagnóstico inicial do câncer, explica o geneticista Mariano Zalis. Sua aplicação hoje é no acompanhamento do tratamento e no controle do tumor. Nas palavras do oncologista clínico Carlos Gil, a biópsia líquida é uma potencial revolução tecnológica, com desdobramentos da terapia quase inexplorados.

“Muda a perspectiva de melhora e sobrevida do paciente. E estamos só no início. A grande questão é que, ao revelar mutações, leva o médico à indicação de drogas específicas, muitas ainda experimentais. Esses remédios são impossíveis de pagar”, comenta Gil. “O Brasil, como os outros países, terá que entrar na discussão. Buscar saídas. Ou teremos um sistema de castas na saúde, em que o câncer será tratável somente para os ricos.”

O médico já viu alguns de seus pacientes se defrontarem com essa situação. Gil é um dos maiores especialistas do País em câncer de pulmão, justamente o único tipo de tumor para o qual a biópsia líquida está disponível no Brasil (existe a expectativa de chegar, em breve, o mesmo exame para os outros tumores).

Custo.

As drogas são extremamente caras e muitas vezes nem chegam ao Brasil. O tratamento custa em torno de 75 mil reais por mês por caixa de remédio. “Para mim, como médico, é muito difícil. Por um lado, tenho recursos novos e promissores. Mas corro o risco de dizer a uma pessoa com câncer que o caso dela teria remédio, mas não há dinheiro para pagar porque custa uma fortuna”, destaca o especialista.

Ele frisa que está mais do que na hora de pensar em meios de democratizar e viabilizar o uso não apenas dessa classe de drogas, mas de outros tratamentos que surgem no horizonte, como as imunoterapias, também caras.

Fusão de técnicas.

A biópsia líquida é resultado de décadas de pesquisa sobre a genética do câncer. Ela é uma fusão de técnicas que identificam pedaços muito pequenos de DNA em circulação no sangue. A elas se soma o conhecimento de um número progressivamente maior de mutações associadas a tumores.

“Cada pessoa tem uma forma própria de câncer. A biópsia líquida é capaz de perscrutar essas especificidades. Ela é o avanço mais recente da chamada medicina personalizada. Estudos nos EUA já identificaram mais de 50 tipos de tumores que podem ser analisados dessa forma”, explica Zalis.

A técnica começou a ser usada nos EUA há cerca de um ano e na Europa há seis meses. Contudo, a biópsia líquida ainda não é coberta por planos de saúde. “Essa biópsia é um avanço muito importante, um instrumento valioso de acompanhamento. A tecnologia continua a avançar, mas não as políticas de saúde. O abismo entre a medicina de ponta e o acesso da população a esta aumenta em escala logarítmica. O SUS está cerca de dez anos atrasado em relação ao que existe de moderno no tratamento do câncer”, alerta Gil. (AG)

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