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Colunistas Como explicar a lei da gravidade para quem acha que a terra é plana?

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É justamente o Facebook o ninho de geração desse ovo da serpente. Gente que não usa o “s” faz tratados de ciência política e até mesmo sustenta que a terra é plana. Na política, então, nem se fala. (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

O linguista Noam Chomsky tem uma frase que inverte a “moda” relativista. Sim, para os relativistas, não há fatos; só há interpretações. Graças a isso, os fatos desaparecem por detrás das narrativas. E tudo vira narrativa, até mesmo o que os relativistas falam, sem que, no entanto, eles se deem conta da contradição performativa em que caem.

Nietzsche é quem dizia “não há fatos, só há interpretações”. Professores vibram com isso. Não necessitam mais estudar. Tudo é relativo. Não há verdades. Bom, se não existem verdades, então inclusive aquilo que é dito por quem diz que não há verdades, é uma mentira. Bingo.

Há vários modos de desmontar essa falácia relativista. Uma delas é a do velho Noam, quem diz: as pessoas já não acreditam em fatos. Só que eles existem, sim. E eu, em algum dos meus livros, disse: só há interpretações porque existem fatos.

Se não existem fatos, então é possível até mesmo negar a existência do nazismo e do holocausto. Basta substituir os fatos históricos por narrativas. E, ainda por cima, esculhambar com quem duvida da narrativa.

Outra moda contemporânea é tirar do que “é” um “deve ser”. Um senso comum neosertanejo ou neobobalhão ou neoburro e neoquejando. O sujeito olha para uma coisa e lasca a resposta sensocomumzada. Trata-se, como já contei aqui, da violação do famoso interdito de David Hume, que parece não ter solução nos dias de hoje.

É claro que as redes sociais abriram essa caixa de Pandora do senso comum. Os idiotas perderam a timidez, dizia Nelson Rodrigues. A internet deu voz para os imbecis, disse Umberto Eco. E é justamente o Facebook o ninho de geração desse ovo da serpente. Gente que não usa o “s” faz tratados de ciência política e até mesmo sustenta que a terra é plana. Na política, então, nem se fala.

Discutir com essa gente que saiu da Caixa de Pandora é como jogar xadrez com pombo. Não existe possibilidade de você vencer. Vejam esta pesquisa: 100 estudantes, professores, profissionais, radialistas, jornalistas, jornaleiros, todos enfronhados com o Facebook, foram submetidos a uma pesquisa pelo pool de universidades Shimer University II , Scheizwald II e Matocagao III.

Todos jogaram xadrez durante um dia inteiro com pombos e aprendizes de pombos. Resultado:

– 12% dos pombos e aprendizes de pombos fizeram caca no tabuleiro;

– 17% esculhambaram as peças, espalhando-as com o bico e os pés;

– 36% fizeram caca no tabuleiro, esculhambaram as pedras e bicaram os dedos do adversário;

– 35% fizeram tudo o que os demais fizeram e foram xingar o adversário no Facebook;

Ponto em comum: 100% dos pombos saíram com o peito estufado dizendo que venceram o jogo; e 100% dos aprendizes de pombos saíram de peito estufado, gritando e postando no Facebook o sucesso de suas jogadas, com frases tipo “estrondosa vitória dos pombos e dos aprendizes de pombos no jogo de xadrez do século”.

Portanto, de que modo podemos jogar xadrez com pombos e aprendizes de pombos? Impossível. A derrota é certa.

 

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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