Geral Comunicação é fundamental no processo de demissão
Por Redação O Sul | 4 de julho de 2016
A crise econômica que assola o Brasil tem provocado um verdadeiro efeito dominó quando o assunto é demissão. Desde pequenas empresas até multinacionais estão dispensando funcionários em decorrência do atual cenário. Segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), divulgada no final de abril pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de desocupação ficou em 11,2%, totalizando 11,411 milhões de pessoas desempregadas. Caso a demissão seja inevitável, como agir para que trabalhadores, via queixas trabalhistas, e companhias, via processos, sofram o menor impacto possível?
“Demitir nunca é um bom negócio. A rescisão do contrato é sempre uma perda, não só para o empregado mas, também, para o empregador, e ninguém gosta de demitir”, explica o advogado Ricardo Abel Guarnieri, sócio do escritório Dupont Spiller e especialista em Direito do Trabalho.
Independente do momento econômico, o processo demissional deve sempre ser transparente, visando evitar futuros conflitos judiciais. “O principal é comunicação, em todos os momentos do contrato de trabalho, inclusive na rescisão. A gestão da empresa precisa atentar para que o contrato com o colaborador esteja muito claro, e as falhas no desenrolar daquele contrato estejam perceptíveis,” orienta. Para ilustrar a situação, o especialista usa o exemplo da crise atual. “A empresa diminuiu produtividade, diminuiu a atividade e, portanto, precisa demitir. Isso tem que ser bem comunicado ao colaborador. Ele tem que entender a motivação daquilo e ver que não é por conta dele, que é por conta de fatores externos”, complementa.
No entanto, algumas empresas não costumam ser transparentes na hora da demissão e acabam por traumatizar o funcionário dispensado. Para Guarnieri, é imprescindível que se use a comunicação para minimizar o dano. “A rescisão é traumática. A questão é diminuir esse trauma, fazer com que ele seja compreendido a ponto de ser absorvido pelo trabalhador. Eu acho que, para isso, é importante a comunicação aberta, clara, do patrão para com o empregado.”
Se um empregado é demitido de forma brusca ou injusta em sua concepção, esta ação certamente gerará um trauma e ele reagirá de maneira similar a do empregador, procurando a Justiça para reaver direitos que considera cabíveis. A fim de evitar possíveis processos trabalhistas, Guarnieri dá um conselho às empresas: “O trabalho de prevenção é imprescindível. A empresa deve ter uma boa assessoria jurídica trabalhista, porque a legislação é muito complexa e, sem o auxílio de um profissional especializado, é muito provável que se deixe brechas para que isso se transforme em uma reclamatória trabalhista.” De janeiro a abril, o volume de novos processos no Tribunal Regional do Trabalho aumentou 18% em comparação com o mesmo período de 2014. Consequentemente, o número de ações em fase de conhecimento passou para 143 mil em abril, ante 133 mil no final de 2015.
Com comunicação e transparência, como ressalta o advogado, é possível que este momento da vida profissional seja visto de uma forma um pouco mais serena. Para o especialista, é até possível que as partes tenham uma relação harmoniosa no pós-rescisão. “Já vi por mais de uma vez de um empregador contratar o profissional de novo, de ele ser novamente colaborador, em outro momento, de repente em outra função ou em outro projeto. Eu acho que é perfeitamente possível”, conclui.
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