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Ciência Conheça a extraordinária cientista que estudou o cérebro de Einstein e revolucionou a neurociência moderna

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A pesquisadora "alcançou fama em 1984, quando examinou fragmentos conservados do cérebro de Einstein e descobriu que ele tinha mais células de suporte do que a média das pessoas". (Foto: Reprodução)

Horas antes de Marian Diamond nascer, o pai dela levou os outros cinco filhos ao hospital para se despedirem. Os médicos haviam dito que poderiam salvar apenas uma das duas: a mãe ou a filha.

“Um tumor uterino grande me acompanhou durante o processo gestação da minha mãe, que tinha 42 anos”, contou a cientista americana. “Mas eles estavam errados! Minha mãe viveu até os 75 anos e eu tenho 80 anos”, escreveu Diamond em um ensaio de 2007 sobre sua vida e carreira.

Ela estuda o cérebro e revoluciona a forma como o entendemos, e seu legado como professora universitária tem inspirado várias gerações de médicos, pesquisadores e cientistas.

A massa mais complexa da Terra

Marian nasceu na Califórnia (EUA) em 11 de novembro de 1926. “Quando tinha 15 anos, vi meu primeiro cérebro humano enquanto caminhava pelo corredor do hospital do condado de Los Angeles, atrás do meu pai, que visitava os pacientes”, escreveu a pesquisadora.

Ela conta que uma porta estava ligeiramente aberta e, no interior do quarto, havia um cérebro sobre uma mesa pequena. Quatro homens vestindo aventais brancos o rodeavam. “Não sabia o que estavam fazendo, mas a imagem desse cérebro, que antes tinha tido a possibilidade de criar ideias, ficou no meu cérebro para sempre. A imagem é tão clara que é como se tivesse sido ontem”.

“A ideia era fascinante: esse cérebro representava a massa do protoplasma mais complexa da Terra e, quem sabe, da nossa galáxia”, emendou.

A cientista conta que algo dentro dela lhe dizia que teria a oportunidade de aprender mais sobre aquela nobre parte do corpo humano. 

Foi uma questão de tempo. Pouco tempo.

Rompendo paradigmas

Marian se formou em biologia aos 21 anos e, em 1948, começou seus estudos sobre o sistema nervoso no Departamento de Anatomia da Universidade Berkeley.

Pouco tempo depois, foi promovida a professora-assistente. Naquela época, “ninguém estudava anatomia das funções cognitivas superiores”.

Apesar de o departamento onde trabalhava estar concentrado em estudos sobre os hormônios, ela encontrou algo que a cativou: o hipotálamo. “Como 4 gramas de tecido nervoso poderiam desempenhar uma variedade tão grande de funções?”, lembrou ela em seu ensaio.

Assim começou uma carreira de sucesso como pesquisadora e professora que durou quase 60 anos.

As pesquisas pioneiras da cientista sobre o impacto de um ambiente estimulante e de atividades enriquecedoras no desenvolvimento do cérebro “mudaram literalmente o mundo, desde a forma como pensamos sobre nós mesmos até a forma como criamos os nossos filhos”, avalia o professor e colega da pesquisadora em um artigo.

Estudando Einstein

Marian Diamond terminou sua carreira como professora emérita de biologia integrativa da Universidade de Berkeley, aposentando-se em 2014. Morreu três anos depois, aos 90 anos.

A universidade a homenageou escrevendo: “Uma dos fundadoras da neurociência moderna, ela foi a primeira pessoa a demonstrar que o cérebro pode mudar com a experiência e aperfeiçoar o enriquecimento e que descobriu evidências disso no cérebro de Albert Einstein”.

A bióloga havia pedido para estudar o cérebro do pai da Teoria da Relatividade. Anos depois, recebeu amostras do órgão de Einstein.

Foi Marian quem começou os estudos do cérebro de um dos mais importantes cientistas do mundo.

A pesquisadora “alcançou fama em 1984, quando examinou fragmentos conservados do cérebro de Einstein e descobriu que ele tinha mais células de suporte do que a média das pessoas”, destacou a universidade.

Em um artigo publicado pela neurocientista, em 1985, disse que o Prêmio Nobel de Física tinha mais células gliais por neurônio do que o grupo controle que participou do experimento.

As células da glia desempenham um papel de apoio para os neurônios e intervêm ativamente no processamento de informações. O texto reafirmava a ideia de que o cérebro de Einstein tinha uma peculiaridade que poderia explicar sua genialidade.

No ensaio de 2007, a própria neurocientista faz uma reflexão sobre essa particularidade.

“O fato de que as células gliais aumentam com o enriquecimento levou-me à minha hipótese de que Albert Einstein poderia ter mais células gliais em seu córtex, especificamente nas áreas de associação esquerda e direita 9 e 39, em comparação com a área média cortical de outros 11 homens.”

“Descobrimos que as quatro regiões tinham mais células gliais do que as dos outros homens, mas apenas (a área) esquerda 39, em termos estatísticos, tinha consideravelmente mais.”

Anos antes de se dedicar aos estudos do cérebro de Einstein, Diamond havia feito estudos de laboratório com roedores, fundamentais para sua conclusão de que “um ambiente enriquecido (com brinquedos e companhia) mudam a anatomia do cérebro”, informa a UC Berkeley.

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