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Brasil Conheça o esquema em Angra 3, que levou Temer à prisão

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Angra 3 é um eterno canteiro de obras. (Foto: Divulgação/PAC)

A investigação sobre Angra 3 levou à prisão de Temer e apura os crimes de corrupção, peculato e lavagem de dinheiro. Entenda a seguir os argumentos usados pelos procuradores da Lava-Jato e as provas citadas para solicitar as prisões.

O caminho do dinheiro

O esquema desviou verba de contratos de publicidade para reforma de casa da filha do ex-presidente Temer.

1. Coronel Lima, amigo pessoal e operador de Temer: dono da Argeplan, subcontratada na obra de Angra 3. No início de 2014, Lima cobra contribuição financeira de José Antunes Sobrinho, dono da Engevix, empresa com participação na obra de Angra 3.

2. Antunes Sobrinho: Sem conseguir levantar recursos em contratos de Angra 3, Antunes Sobrinho busca esses recursos através de projetos junto à Secretaria de Aviação Civil, sob comando de Moreira Franco.

3. Aeroporto de Brasília: Inframerica, sócia da Engevix na exploração de aeroportos, vende espaços publicitários no Aeroporto de Brasília por R$ 24 milhões.

4. Alumi: dona do contrato empresa Alumi publicitário, repassa R$ 1,091 milhão à PDA Projetos, empresa de Lima,
através de contratos fictícios.

5. Maristela Temer: Coronel Lima, através de sua empresa Argeplan, paga reforma na casa de Maristela Temer, entre 2014 e 2015, no valor de R$ 1,5 milhão. Maria Rita Fratezi, mulher de Coronel Lima, é responsável pela obra.

Para o MPF (Ministério Público Federal), o processo configura pagamento de vantagem indevida a Temer, que teria supervisionado a execução e os gastos da obra.

Canteiro de obras

Angra 3 é um eterno canteiro de obras, onde já foram investidos R$ 7 bilhões. Mas, para terminar, faltam mais 14 bilhões.

Em 2015, o almirante Othon Pinheiro, ex-presidente da Eletronuclear, que controla Angra 3, foi condenado a 43 anos por corrupção e outros crimes ligados à construção da usina. Nos últimos dias, foram presos o ex-presidente Michel Temer e o ex-governador do Rio Moreira Franco, com base na delação de José Antunes Sobrinho, dono da empreiteira Engevix,

O Ministério Público afirma que foram desviados pelo menos R$ 17 milhões das obras.

Prioridade para Bolsonaro

Iniciada há 35 anos e foco de diversas denúncias de corrupção, a construção da usina nuclear de Angra 3 é considerada uma das prioridades da área energética do governo Jair Bolsonaro, comandada por um almirante que fez carreira no setor.

O governo espera definir até meados do ano um modelo de atração de sócios privados para contribuir com os bilhões que faltam para concluir as obras. A previsão atual de entrada em operação é 2026.

“É um projeto prioritário”, disse na quinta (21) o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

Ele falou à imprensa antes da prisão do ex-presidente Michel Temer.

Ele citou como alternativas a busca por um sócio para a estatal ou apenas para a usina ou um contrato de construção que garanta fatia da receita futura do projeto. Segundo executivos, empresas da China, França, EUA, Coreia e Rússia demonstraram interesse.

A continuação das obras é vista como estratégica pelos militares, sob o argumento de que é fundamental para o projeto brasileiro de dominar o ciclo de produção de combustível nuclear —atualmente, o País precisa contratar no exterior parte dos serviços.

No mercado, porém, há dúvidas com relação à continuidade. Estudo divulgado em 2018 pela consultoria PSR concluiu que caso a usina fosse substituída por projetos de energia solar no Sudeste os consumidores economizariam R$ 6,6 bilhões por 35 anos.

O governo Temer dobrou a tarifa da usina, para R$ 480 por MWh (megawatt-hora), para viabilizar a retomada. O ministro de Minas e Energia, na época, era Moreira Franco, também preso na quinta.

Com potência de 1.405 MW, Angra 3 pode gerar mais de 12 milhões de MWh por ano, o suficiente para abastecer Brasília e Belo Horizonte por um ano.

Ela é parte de acordo assinado com a Alemanha em 1975, que previa a construção de três usinas nucleares na central localizada em Angra dos Reis, litoral sul do Rio. As duas primeiras, Angra 1 e 2, já estão em operação. A construção de Angra 3 foi iniciada em 1984, mas paralisada dois anos depois por falta de recursos.

Em 2007, o então presidente Lula decidiu retomar o projeto. Na época, os custos eram estimados em R$ 7,2 bilhões (R$ 13,4 bilhões em valores corrigidos) e o início das operações foi previsto para 2013.

Em outubro de 2015, as obras foram interrompidas novamente. A Eletronuclear e os construtores alegaram divergências sobre custos.

Em nota, a Eletrobras disse que os contratos relacionados à construção de Angra 3 foram objeto de investigação independente conduzida entre o início de 2015 e o final de 2018. A estatal diz que acompanha as ações decorrentes da Lava-Jato para avaliar medidas adicionais visando o ressarcimento de perdas —até agora identificadas em R$ 141,3 milhões.

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