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Saúde Conheça sobreviventes da aids

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Pianista: “Naquela época, ninguém falava que uma mulher casada, na minha idade, podia ter aids”. Crédito: (Reprodução)

Quando foi diagnosticada com aids, aos 67 anos, a pianista Olivethi Oliva Cahli só pensava em uma providência: comprar um esmalte vermelho e sair marcando pratos, talheres, xícaras e copos do seu uso pessoal.

Sem saber das formas de transmissão do vírus HIV (relações sexuais e transfusão de sangue), a viúva, mãe de dois filhos e avó de três netos temia contaminar a família.
Dias antes, sentindo fraqueza e falta de ar, ela havia sido internada com pneumonia. No hospital, após uma bateria de exames, o médico deu a notícia de supetão: “A senhora tem aids”.

“Parece que o prédio caiu na minha cabeça. Naquela época, ninguém falava que uma mulher casada, na minha idade, podia ter aids. Fiquei apavorada”, lembra.
A população com mais de 60 anos é uma das faixas etárias em que a ocorrência de casos de aids mais cresceu na última década – 32% entre 2013 e 2014 –, só perdendo para o aumento de 53% entre os jovens, de 15 e 19 anos.

Hoje, aos 88, Olivethi dá risada quando lembra do dia em que recebeu o diagnóstico. “Meu filho ficou furioso, queria matar o médico. Dizia: ‘Onde já se viu o senhor falar para uma senhora de idade que ela que tem aids?’”.

A pianista, intérprete de Chopin (1810-1849), não sabe como se infectou, mas suspeita que tenha sido por meio do marido. “Só tive relações com um homem na minha vida, meu marido, e nunca fiz transfusão de sangue.”

O marido morreu em 1993, um ano antes do diagnóstico de mulher. Diabético, caiu no banheiro e foi para a UTI, onde sofreu falência dos órgãos. A família não sabe se ele fez teste para HIV durante sua internação.

Olivethi diz que não pensa no assunto. “Se ele me traiu e me contaminou, já o perdoei. Quem nunca errou?”

Há muitos anos sem sinais do vírus HIV no sangue, ela conta que até esquece “do bicho”. “Eu nunca aceitei a doença. Coloquei na cabeça que ela não me pertence.” Toma religiosamente o coquetel, combinação de comprimidos que controlam a disseminação do HIV. “Antes dele, o remédio [AZT] fazia muito mal, me sentia fraca, enjoada. Hoje não sinto nada.”

A pianista adora praia e está sempre viajando para visitar os filhos. “Tenho tanta energia que minhas amigas já brincaram dizendo que vão tomar o coquetel também para dar conta de me acompanhar”, conta.

Outras histórias estão na obra.

A história de Olivethi é uma das cinco que estão no livro “Histórias da Aids” (Editora Gutenberg, 152 páginas, preço sugerido: 34 reais), que o médico Artur Timerman e a jornalista Naiara Magalhães lançam no próximo dia 21.

São pacientes “pós-coquetel”, homens e mulheres com HIV que levam uma vida praticamente normal, situação muito diferente da vivida pelos doentes no início da epidemia, na década de 1980.

Os relatos vêm entrelaçados com a história da evolução da aids. “Era gente jovem escapando entre os dedos que nem água, morrendo por um problema que ninguém sabia tratar”, relembra o infectologista Timerman, que trabalhava em um hospital quando a epidemia eclodiu.

À época, o temor dos pacientes não era nem a morte quase certa, mas o que constaria no atestado de óbito.

“Havia muito estigma. Companhias se recusavam a pagar seguro de vida às famílias se a causa da morte do segurado fosse a aids.”

Em 1996, 15 anos após o anúncio dos primeiros casos, começou a ser usado o coquetel, o que tornaria a doença possível de se tratar – embora muitas mortes ainda ocorram por conta do diagnóstico tardio ou da falta dele.

Do ponto de vista científico, o que se busca agora é a cura, assunto que encerra o livro. De acordo com Timerman, os pesquisadores contam com a ajuda de pessoas naturalmente resistentes à enfermidade.

Por características genéticas, 2% da população mundial não se contamina pelo vírus mesmo quando exposta a ele. Outros 5% adquirem o vírus, mas não ficam doentes, pois o organismo é capaz de controlar o HIV espontaneamente, sem remédios.

Uma das frentes de pesquisa mais avançadas nessa área envolve o uso de engenharia genética. “A marcha da cura é irreversível. E a esperança nunca esteve tão viva”, diz. (Folhapress)

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https://www.osul.com.br/conheca-sobreviventes-da-aids/ Conheça sobreviventes da aids 2015-07-10
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