Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 27 de abril de 2019
Contrariando opinião do presidente Jair Bolsonaro, o presidente dos Correios, Juarez Aparecido de Paula, deixou claro, em entrevista ao jornal Valor, que é contrário à privatização da estatal. Citou a experiência da Argentina, que privatizou o serviço postal e depois o reestatizou. Ele sustenta que, se o governo vender somente a área na qual a ECT enfrenta concorrência – a de logística -, comprometerá o segmento de entrega de cartas. “É um subsídio cruzado. Um lado compensa o outro”, revelou. Em conversa com jornalistas, Bolsonaro disse que estudos para privatizar a ECT estão adiantados. “Foi lá que começou o mensalão”, observou.
Manifestação no feriado
O presidente dos Correios, general Juarez Cunha, defendeu durante o feriado da Páscoa que a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) seja mantida como empresa pública.
“Temos argumentos para demonstrar porque é importante para o País manter a empresa pública, inclusive apresentando casos malsucedidos de privatização de correios pelo mundo”, escreveu Cunha em uma rede social.
O posicionamento dele veio após o blog de Cristiana Lôbo informar que o presidente da República, Jair Bolsonaro, já havia autorizado a privatização da ECT.
Cunha afirmou, no entanto, que, como presidente da estatal, não teve nenhuma sinalização do governo nesse sentido.
“A avaliação no governo é que o modelo de negócio da empresa está ultrapassado, mas há alto valor estratégico – precisa ser renovada para os novos tempos, especialmente com o crescimento o e-commerce”, informava o texto do blog.
Para a equipe presidencial, o setor está em processo de transformação e, para sobreviver, a estatal precisa ser mais competitiva e ter menos amarras. Para isso, a solução seria apenas com a privatização dos Correios.
Inicialmente, o ministro Marcos Pontes, das Comunicações, Ciência, Tecnologia e Inovação, a quem a empresa está subordinada, resistia à ideia, mas, agora, segundo fontes do governo, já está sensível ao projeto de privatizar a ECT, segundo o blog.
Segundo Juarez Cunha, Pontes defende que a decisão deve ser baseada em fatos, números e um plano de negócios bem estruturado, que leve em conta as necessidades estratégicas do País, retorno para o governo e garantia dos direitos dos servidores.
Para o presidente dos Correios, não se trata apenas de vontade política da área econômica do governo, mas “existem questões jurídicas, técnicas e econômicas que precisam ser levantadas e discutidas”.
“Se esse debate vier de fato a ocorrer, vamos apresentar todas as informações necessárias e demonstrar que a empresa, bem gerida, é viável e que as medidas adotadas para saneamento e modernização dos Correios já estão dando resultado”, defendeu Cunha na rede social.