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Por Redação O Sul | 9 de dezembro de 2017
Durante uma visita à Coreia do Norte na semana passada, o diplomata norte-americano Jeffrey Feltman, chefe para assuntos políticos da ONU (Organização das Nações Unidas) manifestou vontade de aliviar a tensão na península coreana. A informação foi divulgada nesse sábado pela mídia oficial de Pyongyang, em meio a uma crescente guerra de palavras sobre os programas nuclear e de mísseis balísticos do presidente Kim Jong-un .
O governo da Coreia do Norte também disse, por meio de uma declaração realizada pela agência oficial de notícias KCNA, que o enviado da entidade internacional reconheceu o impacto negativo das sanções sobre a ajuda humanitária ao país.
“As Nações Unidas expressaram sua preocupação com a situação na península coreana e expressaram vontade de trabalhar para aliviar as tensões na península coreana de acordo com a Carta da ONU baseada na paz e segurança internacionais”, disse a KCNA.
Feltman, porém, não falou aos repórteres no aeroporto de Pequim (China) no sábado de manhã, ao desembarcar de Pyongyang. Ele é considerado o oficial de mais alto nível da ONU a visitar a Coreia do Norte desde 2012. A série de encontros, entre terça e sexta-feira, contou com a participação do ministro norte-coreano dos Negócios Estrangeiros, Ri Yong Ho, e o vice-titular da pasta, Pak Myong Guk.
A visita aconteceu após mais um ensaio balístico da Coreia do Norte, com um míssil disparado para atingir maior altura do que em qualquer de outros testes anteriores. Trata-se da primeira viagem à Coreia do Norte que faz um responsável político das Nações Unidas em mais de sete anos: o último a fazer isso havia sido o antecessor de Feltman, Lynn Pascoe, em fevereiro de 2010.
“Círculo vicioso”
Ao discursar em um fórum acadêmico, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, disse que a situação na península coreana entrou em “um círculo vicioso de demonstração de força e confronto”. Ainda segundo ele, a perspectiva para a região não é exatamente otimista.
“Ao mesmo tempo, pode-se perceber que as esperanças de paz para essa importante e conflituosa área do globo ainda não se extinguiram”, ressalvou Wang Yi. “O cenário de negociações ainda existe, até porque a opção de se recorrer à força não pode e nem deve ser aceita.”
O governo da Coreia do Norte – um dos regimes políticos mais fechados do mundo – está desenvolvendo programas de armas nucleares e de mísseis, desafiando as sanções da ONU e motivando condenações pela esmagadora maioria da comunidade internacional. No dia 29 de novembro, o país asiático testou um míssil balístico intercontinental que, segundo as próprias autoridades de Pyongang, é capaz de chegar aos Estados Unidos.
Perigo
Em pelo menos um ponto o responsável pelos assuntos políticos da ONU e as autoridades da Coreia do Norte concordaram: a situação na península asiática é a questão “mais tensa e perigosa do mundo” em termos de paz e segurança na atualidade.
“Os representantes de ambas as partes trocaram pontos-de-vista sobre a península coreana e concordaram que a situação atual é o assunto de paz e segurança mais tenso e perigoso que há hoje no mundo”, assinala o documento sobre as reuniões, sem fornecer mais detalhes.
No mesmo informe, Jeffrey Feltman enfatizou a necessidade de que o regime de Pyongyang aplique as resoluções que o Conselho de Segurança aprovou sobre a crise na região e insistiu em que “só pode haver uma solução diplomática” como resultado de um processo de “diálogo sincero, em que o tempo é vital”.
Depois de propor às autoridades do país asiático a “evitar erros de cálculo” e a “abrir canais para reduzir os riscos de conflito”, o diplomata norte-americano sublinhou que a comunidade internacional está “alarmada com as crescentes tensões” e comprometida com uma solução pacífica na península.