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Por Redação O Sul | 24 de julho de 2017
Uma menina sul-africana se manteve livre do HIV por mais de 8 anos sem medicação e surpreendeu especialistas. Ela havia tomado drogas antirretrovirais por apenas um ano antes de ter a remissão completa do vírus. O caso foi revelado nessa segunda-feira em uma conferência de Aids em Paris, mas pesquisadores pediram cautela e alertaram tratar-se de uma situação rara.
“O caso traz a esperança de que o tratamento pode não ser para a vida inteira, mas é raro”, disse Linda-Gail Bekker, presidente da IAS (International AIDS Society), à Reuters. “Há mais perguntas que respostas”.
A maioria dos pacientes com HIV tem um aumento na quantidade de vírus que circula no organismo quando param o tratamento e é por esse motivo que tomam medicamentos por toda a vida. No caso da criança, no entanto, o vírus parou de ser replicado.
A menina de 9 anos fazia parte de um ensaio clínico que pesquisava os efeitos de drogas antirretrovirais em bebês com HIV nas primeiras semanas de vida, informa a AFP. Ela recebeu o tratamento após o parto, mas parou de tomar os medicamentos como parte do protocolo do estudo. Após a interrupção da terapia, ela foi monitorada regularmente para qualquer sinal de recaída.
Sobre a cura
Sharon Lewin, especialista em HIV da Universidade de Melbourne (Austrália), disse à Reuters que o caso pode revelar novas informações sobre como o sistema imunológico humano controla a replicação do HIV após a interrupção do tratamento.
No entanto, segundo Sharon, o caso apenas confirma outros raros porque o que normalmente ocorre é a volta da replicação do vírus após a interrupção do tratamento.
Com casos de cura sendo raros, alguns pesquisadores têm apontado que uma possível saída para uma “quase cura” seria algum tipo de remissão de longo prazo – quando o sistema imunológico pode controlar o HIV sem drogas, mesmo que os sinais do vírus permaneçam.
Alguém já foi curado?
Até hoje, apenas uma pessoa é tida como “curada” do HIV – o chamado paciente “de Berlim”, homem que teve remissão completa do vírus após transplante de medula óssea de doador resistente ao HIV.
Transplantes de medula, entretanto, são arriscados e seria impraticável usá-los como uma alternativa para curar milhões de infectados. Segundo a Unaids, programa da ONU sobre HIV, 19,5 milhões de pessoas estão em tratamento para o vírus no mundo.
Teste rápido
Primeiro teste de farmácia para detectar HIV registrado no Brasil – chamado Action – está disponível desde o início deste mês nas drogarias do País. O produto da empresa Orange Life chegará a São Paulo e Espírito Santo a partir da semana que vem. Até o fim do mês, a previsão da farmacêutica é que o teste possa ser comprado em todo o país. O preço deve variar de R$60 a R$70.
O exame, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária em maio, detecta a presença dos anticorpos contra o vírus HIV a partir da coleta de gotas de sangue. O teste Action traz o dispositivo de teste, um líquido reagente, uma lanceta para furar o dedo, um sachê de álcool e um capilar (tubinho para coletar o sangue) e o resultado demora de 15 a 20 minutos para sair.