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Mundo Crise na Venezuela: quais os riscos para o Brasil de uma ação militar no país vizinho?

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Conflito entre manifestantes e governo na Venezuela. (Foto: Reprodução/Twitter)

Enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirma que não descarta a possibilidade de intervenção militar na Venezuela, o governo brasileiro tem repetido que não cogita usar a força contra o governo de Nicolás Maduro. Em reunião na segunda-feira (25) do Grupo de Lima, formado por países da América Latina para tentar resolver o conflito da Venezuela, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, reforçou a ameaça de ação militar de Trump. “O presidente deixou claro: todas as opções estão sobre a mesa”, afirmou. As informações são da BBC.

Mas Brasil e outros países da América do Sul presentes ao encontro, na Colômbia, deixaram claro que rejeitam usar tropas para forçar Maduro a deixar o poder.

“O Brasil acredita firmemente que é possível devolver a Venezuela ao convívio democrático das Américas sem qualquer medida extrema que nos confunda com aquelas nações que serão julgadas pela história como agressoras, invasoras e violadoras das soberanias nacionais”, disse o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão.

Especialistas em relações internacionais e integrantes do Exército ouvidos pela BBC News Brasil dizem que pesa na decisão o temor de que uma ação militar liderada pelos Estados Unidos abra precedente para outras intervenções na região por potências estrangeiras.

O fato de a fronteira do Brasil com a Venezuela ser em área da Floresta Amazônica acende um alerta adicional, sobretudo entre os militares.

Também conta na decisão do governo a tradição diplomática brasileira de não intervir em outros países, sobretudo sem o aval do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

“A não-intervenção sempre foi um pilar da nossa política externa e militar. É uma questão de Estado, independentemente dos governo. Isso ainda é mais sensível por se tratar da região amazônica”, disse à BBC News Brasil o general da reserva Eduardo Schneider, que atuou nas missões de paz da ONU no Haiti e em Angola.

Há, também, o fator econômico. As consequências de uma guerra são imprevisíveis – se uma intervenção estrangeira na Venezuela gerasse uma guerra civil, por exemplo, o Brasil poderia ter que manter tropas lá por anos.

O que poderia detonar um conflito armado?

A preocupação imediata é que uma escalada da tensão na fronteira do Brasil com a Venezuela possa gerar reações violentas por parte dos Exércitos dos dois países.

Para impedir que alimentos e medicamentos doados por Estados Unidos e outras nações entrassem no território, Maduro enviou tropas às fronteiras com Colômbia e Brasil. Ele argumenta que a ajuda humanitária é parte de uma estratégia do governo americano para tirá-lo do poder.

Bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e armas letais foram usadas contra venezuelanos que tentaram forçar a passagem dos caminhões com suprimentos no fim de semana.

Os confrontos geraram o temor de que a violência escalasse e incitasse uma resposta armada do Brasil.

“Uma pequena provocação pode acabar gerando uma reação violenta. E um disparo que cruze a fronteira pode acabar atingindo um soldado venezuelano ou brasileiro e gerar uma resposta. É uma situação delicada”, destaca a professora Jennifer McCoy, diretora do Instituto de Estudos Globais da Georgia State University, nos Estados Unidos, e autora do livro Mediação Internacional na Venezuela.

O coronel do Exército brasileiro José Jacaúna, que atua em Pacaraima, Roraima, chegou a defender, em entrevista à TV Globo, uma “posição firme” por parte do Brasil em resposta às bombas de gás lacrimogênio disparadas por soldados venezuelanos.

Para aplacar os ânimos, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que Brasil não iria “estressar” com o fato de tiros e bombas de efeito moral terem atingido território brasileiro.

“O Brasil não tomaria a iniciativa de atacar. Mas, na hora que você é atacado, é até um instinto de sobrevivência revidar. Nesse caso, é importante orientar os soldados a não cair em provocações levianas”, afirma o general da reserva Eduardo Schneider.

Além do risco de um conflito gerado por tensões na fronteira, há a possibilidade de os Estados Unidos pressionarem países da América Latina a apoiar uma intervenção militar planejada.

Outra explicação para a cautela adotada pelo governo brasileiro é o custo econômico que um conflito armado poderia gerar.

Além dos gastos imediatos de uma operação militar, o conflito poderia acabar por se prolongar e exigir gastos fixos para manter tropas brasileiras no país vizinho. “Quando você toma a decisão de intervir, se torna responsável pelo problema depois”, diz Oliver Stuenkel, da FGV.

“Os Estados Unidos estão há 18 anos no Afeganistão. Eles têm a responsabilidade de reconstrução do país, porque se tornaram atores políticos. No Iraque, há presença de tropas americanas há 16 anos.”

tags: Brasil

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https://www.osul.com.br/crise-na-venezuela-quais-os-riscos-para-o-brasil-de-uma-acao-militar-no-pais-vizinho/ Crise na Venezuela: quais os riscos para o Brasil de uma ação militar no país vizinho? 2019-02-27
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