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Por Redação O Sul | 28 de maio de 2017
A crise no Brasil começará a ser resolvida quando a classe política que fracassou der lugar a uma nova geração de líderes interessados no bem comum dos brasileiros e não em seus interesses pessoais. A avaliação é do procurador peruano José Ugaz, presidente da ONG Transparência Internacional, voltada para o combate à corrupção.
Segundo ele, a Operação Lava-Jato é uma oportunidade para a revisão do sistema político e do modo como o setor privado brasileiro faz negócios. Ugaz, que investigou o ex-ditador Alberto Fujimori, esteve no Brasil a convite da ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia para assinar um acordo entre a ONG e o CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Em entrevista à imprensa, ele declarou que a corrupção na América Latina é um problema estrutural, sistêmico e histórico. “Eu diria que isso tem a ver com o próprio padrão colonial imposto por Portugal e Espanha, que favorecia o clientelismo”, frisou. “Isso promoveu instituições fracas, em que classes dirigentes tomam o poder para benefício próprio, e não do bem comum. Por isso a América Latina é o continente mais desigual do mundo.”
Ele também defendeu a necessidade de ampliação da transparência e de fortalecimento da educação, inclusive no que se refere a valores éticos e morais. O peruano também é adepto da adoção de sentenças mais severas para envolvidos em corrupção: “Em alguns casos, também é preciso aumentar as penas para corruptores e romper a impunidade”.