Sábado, 20 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 28 de maio de 2017
A onda de críticas à PGR (Procuradoria-Geral da República) pelo acordo fechado com Joesley Batista, dono do grupo J&F, controlador do frigorífico JBS/Friboi, considerado por muitos brando demais, teve um efeito colateral: vários candidatos a delação puxaram o freio, receosos de que os termos assinados com os procuradores sejam igualmente contestados e revistos mais adiante. Isso preocupa a Operação Lava-Jato, porque é o conjunto de delações que dá robustez aos processos. Um dos que acompanham com lupa o empenho da PGR em defender a validade dos acordos é o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), que recebeu R$ 500 mil em propina da J&F.
Ex-assessor de Michel Temer, Loures vem sendo pressionado pela família a fazer delação premiada. Assim como Fred, o primo do senador tucano Aécio Neves, flagrado recebendo propina em nome do político. Loures e Neves foram afastados dos mandatos pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e podem ser presos. O Supremo analisa novo pedido da PGR nesse sentido contra os dois.
As críticas ao acordo da JBS partem de ministros do STF, de advogados e de congressistas. Uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) está sendo proposta para questionar o acordo que garantiu aos irmãos Batista perdão judicial.
Os empresários Joesley e Wesley Batista confessaram suborno a mais de 1.800 políticos, com valores em torno de R$ 600 milhões, para garantir interesses de suas empresas. Ao se comprometerem a entregar outros envolvidos à Justiça, receberam da Procuradoria garantia de que não serão mais denunciados, terão imunidade em processos antigos e poderão parcelar em 10 vezes as multas aplicadas a cada um dos irmãos, além de não serem presos não serão presos e nem usarem tornozeleira eletrônica.
O procurador-geral, Rodrigo Janot, declarou que a medida se justifica porque os delatores se arriscaram para revelar um crime em andamento e não fatos passados.