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Colunistas Das pessoas e das coisas

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Hoje, a Rainha Elisabeth com seu chapeuzinho, já passou dos noventa anos. (Foto: Reuters)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Dizia um observador idoso, sem compromisso, do antes e do agora, de PESSOAS e das COISAS :

a. No passado (século 19/meados de 20) os nobres ingleses mais longevos duravam pouco mais de 30 anos; hoje, a Rainha Elisabeth com um chapeuzinho que parece ser sempre o mesmo, já passou dos noventa. Há quem creia que ela é interminável, ao ve-la falando no Parlamento, cumprindo o protocolo, mostrando que nem tudo que ENVELHECE é VELHO;

b. Nos tempos idos, avião era aeroplano; aeroporto era campo de aviação e não se morria de acidente no céu; agora tem gente comprando passagem para o próximo foguete à Lua; e quando cai um avião, logo se pensa em atentado terrorista;

c. Na década de quarenta, quando Fleming descobriu (ou melhor, inventou) a matriarca dos antibióticos, a penicilina – grande vitória da ciência – pensou-se que seria um remédio milagroso para enfrentar, com êxito, TODAS as DOENÇAS; Hoje, potencializados os sucessores da penicilina, continuamos assustados com as gripes, as bactérias, os vírus semelhantes e resistentes, que escapam de vacinas não totalmente confiáveis e, as vezes, fornecidas (negócios oficiais bilionários) por laboratórios menos confiáveis ainda;

d. Onde se jogava futebol não havia cadeira numerada, nem lojinha comercializadora de camisetas do clube, anualmente modificadas, para estimular as vendas. Enfim, clube tinha torcedores cativos. Agora, quer mesmo é fidelizar clientes.

e. No caderno das anotações, surge, relativamente recente, o telefone. Serviço, no Brasil, era lastimável. Ligação intermunicipal, quando dava, era depois de 5 horas de espera, na base da gritaria, sem garantia de ser ouvido. Privatizou-se. Já contemporâneo, veio o celular. Cada vez mais dominador e polivalente: “só falta falar”, como se dizia de algo novo e perfeito antigamente. E não é que a expressão, muitas vezes, é a crônica e real expressão da verdade. As companhias (nem é bom ver a publicidade enganosa) disputam, renhidamente, qual delas será campeã de reclamações justas dos sacrificados usuários. Ontem, como hoje, reclamações que não prosperam. Tanto os gritos de antes, como as torturas dos call centers atuais, são perfeitos na missão de não deixar ouvir, nem mesmo permitir falar. “Avançamos muito”. Já dialogamos com o robô.

f. Houve tempo em que se chegou ao fanatismo por partido político que representavam ideologias. Comícios monumentais mobilizavam os partidários. Agora, partidos repartidos na igualdade da falta de identidade são comprados e vendidos, como “barriga de aluguel” a quem dá mais, no balcão da corrupção, onde se comercializa o que restou da democracia com metástese.

g. Há pouco, em São Paulo discutia-se quem chegou a três milhões de participantes: se a caminhada de aleluias e música “gospel” dos evangélicos eletrônicos ou a ruidosa, colorida e exótica dos LGBT. Enquanto – ainda cremos – as maiorias majoritárias (redundância necessária) porque dissociadas – com razão ou sem razão – parecem envergonhadas pelo que são e pelo que não são e criticam (?) só com seu silêncio temeroso e pacífico.

h. Não faz tanto tempo: as calçadas eram, à noite, respeitados espaços onde se encontravam moradores, formando “rodinhas”, para falar e ouvir. Hoje, a cidade agressiva se apropriou das calçadas (muitas vezes ocupadas com bugigangas) e as pessoas – pobres delas – não tem tempo para falar e para ouvir (ou não sabem mais falar e/ou não querem mais ouvir).

i. Ontem, se sabia por ver, por ler, por participar conscientemente de corpo presente. Eramos próximos e tu sabias mais de mim, e eu de ti. Na verdade, quanto mais soubermos, mais veremos que pouco sabemos. Sabíamos menos ou nada sabíamos de muito, de quase tudo. Hoje, não notamos o PRÓXIMO que também não nos nota. Não queremos intimidade de um ou de alguns. Queremos invadir e ser invadidos pelo intimo estranho que nos oferece a quebra da sua (e cobra em troca a nossa) privacidade. Não importa se é verdade o que ele diz, nem o que eu digo. Conseguimos o falso milagre da proximidade íntima das distâncias.

j. Não se sabe o que faz e até se ignora quem é ou quem são o(s) vizinho(s) de apartamento. Temos convicção que ele(s) também não sabe(m) quem, quantos e o que somos, já que nos separam, não o muro (fictício) mexicano do Trump, mas a pétrea realidade da indiferença. Em compensação, a gente até se orgulhava porque pensava saber(?) – over dose de informações inúteis – por exemplo, tudo do homem que chegara à Lua e que, até por isso, estava muito longe de nós.

k. Mais desafiador é a gente se conhecer. Precisa-se do outro para tanto e do espelho que, milagroso – nós cremos – descobrirá nossa identidade. Não há maior surpresa conforme esperançosos e otimistas, do que acreditar, em nossa auto revelação . Será mesmo? Ou será do nosso destino (ou da nossa pena) buscar uma identidade enganosa?

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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https://www.osul.com.br/das-pessoas-e-das-coisas/ Das pessoas e das coisas 2017-06-23
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