Quinta-feira, 25 de abril de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

| De avô para neto: cada vez pior

Compartilhe esta notícia:

Na semana passada li, num dos editoriais do NY Times (não me lembro exatamente o dia) uma espécie de alerta. Dizia mais ou menos o seguinte: estaríamos no “olho do furacão” da inesperada ressurreição de uma crescente “Guerra Fria”, protagonizada pela ânsia de afirmação política internacional, de Putin, ex-espião da KGB, hibrida figura “DITADOCRATA” , corpo e vestimenta de democrata e mente e propósitos ditatoriais. Do outro lado, o reinventor de teses e procedimentos arquivados , Donald Trump, talvez a inconsequência mais irresponsável – e perigosa – em que a cidadania americana resolveu acreditar(?) viabilizando a eleição desse “clown”, autorizado a brincar com armas nucleares.

O jornalista dizia que, por tudo isso, não se podia subestimar o risco que a cada minuto põe em perigo nossa civilização, sabendo que Putin e Trump tem a senha de seus arsenais nucleares onde – espero que para sempre – “dormem” as bombas que fazem as de Hiroshima e Nagasaki parecerem um “Busca Pé”.

Há perigo, via Putin e/ou via Trump mas, penso, que limitado. Como dizia Millor, “são loucos mas não rasgam dinheiro”. Alguns de seus gestos mais contundentes são freados quando chegam ao limite da insensatez. O editorial enfatiza que não acredita que, mesmo sendo figuras aparentemente surpreendentes, ambos sabem que podem ameaçar, atacar, via palavrório, promover eventos com lengalenga de patriotada. Da farta ostentação (só ostentação) bélica. Entende-se que “daí, em diante , são totalmente “imexíveis” (como diria o ex-Ministro Magri).

Nem um passo adiante que será o caos. Nem um passo atrás que seria a humilhação do recuo. São demagogos populistas mas não embarcarão nessa aventura suicida, na qual todos perderão.

Nesse ponto é que o editorial assume a sua própria tese. Afirma, sem subterfúgios, que – mesmo a lógica ensinando diferente – o perigo está “no rato que ruge”. Insiste que se deve dar atenção prioritária a Coreia do Norte. Lá está um Marechal cheio de condecorações por batalhas não enfrentadas, com poderes satânicos de vida e morte sobre uma infeliz população escravizada. Figura balofa que, de seus ascendentes familiares, recebeu, como legado, um país. Ou melhor, um pedaço, cortado e recortado, do que teria sido o solo de um projeto de nacionalidade.

Foi o DITADOR – AVÔ que, há mais de um século, fundou a dinastia que, segundo tudo indica, adotou o poderio militar como único objetivo relevante. As verbas para educação, saúde, etc, enfim para atenuar a miséria do país foram substituídas pelo investimento bélico, em detrimento do povo, usadas para comprar (especialmente da China) equipamento bélico de ultima geração.

Com a morte do Ditador-Avô, assumiu o Ditador-Pai , outro herói da farsa gloriosa. E o governo jogou-se inteiro no projeto nuclear. Para o povo, mais carência. Para as pesquisas armadas, todo o apoio. E daí, as grandes potências aperceberam-se que a Coreia do Norte avançara demais para seu gosto. Procuram cortar-lhe o passo, com sanções econômicas (Russia e até a China, parcialmente, mudando de lado, tentam convencer os coreanos que tinham ido longe demais). No final da época do Ditador-Filho, os mísseis, os foguetes, o anúncio de testes nucleares já aparecem no noticiário.

Morre o Ditador-Filho e surge o Ditador-Neto. Adotou a linha da decisão sumária. Alguns generais, não concordando com que se lhe entregasse o poder, estariam planejando um golpe. Demoraram, articulando. O Ditador-Neto descobriu e os conspiradores foram presos e executados. O déspota, que faz lembrar a cara de um porquinho colorido de desenho animado, passou a desafiar assumidamente a Coreia do Sul, o Japão e quem mais atravesse no seu caminho . Em especial, os Estados Unidos.

Daí, olhando a figura grotesca do atual ditador norte-coreano, recordei de uma fábula em que sendo ele neto de um ditador e filho de um ditador-pai, lhe é muito aplicável.

Como manda a tradição, passemos à fábula: era uma vez, em algum lugar do mundo, existiria um ditador, como todos, um autoritário sanguinolento, feroz e corrupto a quem o povo odiava mas não tinha força para destitui-lo.

Um dia, porém, um de seus assessores – múltiplos e inúteis – lhe diz que havia sido descoberta uma senhora, de mais de 80 anos, que todas as manhãs, cedinho, ia à Igreja para rezar, com fervor, pela saúde e pela vida do soberano odiado.

O próprio, consciente da sua malignidade, não acreditou e quis conhecer a velha admiradora.

Garantiu-se-lhe que ela poderia falar tudo que desejasse. Foi então que a crente explicou ao Rei: “seu avô era mau e incompetente. O seu pai também era mau e incompetente mas, além disso, era corrupto. O senhor é mau, incompetente e corrupto mas, além disso, implantou a tortura.

Tudo indica que, quando o senhor morrer, seu filho irá assumir, sucedendo-o. Será mais um delinquente, perseguidor, ladrão e cruel, mais que o senhor.

Por isso rezo pelo senhor e pela sua saúde.

O atual “Marechal-Presidente”, dono da Coreia do Norte, é neto (como o da fábula) do fundador (o poder da família dura mais de cem anos) .

É provável que, na madrugada norte coreana, bem cedinho, camufladamente, haja muita gente rezando pela saúde do atual ditador-neto.

Há uma incógnita em tão macro problema. O povo, se correr, o bicho pega e, se ficar o bicho come.

Que dilema! Como diz o poeta francês por essa e por outras situações similares: “o futuro não é mais o que costumava ser”.

Inseguros, lamentamos pelo risco do nosso porvir, mas, realistas (tanto quanto possível) sentimos que o próprio presente é alvo imediato mais ameaçado que nunca; na dependência de um neto alucinado, filho de um pai alucinado.

Dono de um arsenal nuclear arrasador, que só nos deixa sobreviver pelo temor que a todos (especialmente aos fazedores de guerra) inspira, preserva, paradoxalmente, de maneira muito (até quando?) insegura a própria civilização que o criou.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de |

Palavras mágicas
Modelo italiana atacada com ácido por ex-namorado exibe rosto pela primeira vez
https://www.osul.com.br/de-avo-para-neto-cada-vez-pior/ De avô para neto: cada vez pior 2017-04-21
Deixe seu comentário
Pode te interessar