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Colunistas De canibais e ladrões

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O escritor Olavo de Carvalho disse que o Brasil "escolheu confiar em pessoas que não merecem a sua confiança". (Foto: Reprodução/YouTube)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Jair Bolsonaro e os seus ministros são conservadores e de direita, na forma tradicional (e envelhecida) de distinguir as grandes facções do embate político e ideológico. Não há nada de errado nisso. Não está escrito em nenhum lugar, e nem a menor evidência, que a única posição justa, em política, seja de “esquerda” ou “progressista”.

O que conta é o rumo, são as diretrizes concretas do governo, o seu compromisso com a lei, a Constituição e a democracia, e o grau de avanço social, econômico e civilizatório que resultará no curso e ao final do seu tempo e período.

No caso do governo Bolsonaro a missão primordial está posta: implementar uma reforma capaz de reduzir o impacto devastador da Previdência nas finanças públicas. Tarefa de gigante — diga-se — porque ele terá de eliminar privilégios e mexer com gente graúda. É mudança que vem com 20 anos de atraso, desde que uma proposta do governo Fernando Henrique Cardoso foi derrubada no Congresso por um único voto. Quanto tempo perdido!

No ínterim, o novo ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, deitou falação em entrevista à revista Veja desta semana. Disse coisas sensatas, como a de que os reitores das universidades públicas devem estar sujeitos a algum tipo de responsabilidade fiscal e que admite uma mudança na eleição direta de reitor. São posições respeitáveis e nada têm a ver com esquerda e direita, mas com a funcionalidade das instituições universitárias.

Mas Vélez, na entrevista, se revela de corpo inteiro e de certa forma revela o caráter de todo o governo. Segundo Vélez, quando foi convidado para ser ministro, a primeira pergunta de Bolsonaro foi: “Você tem faca nos dentes para enfrentar o problema do marxismo no MEC?”. É preciso um curso de doutorado com Olavo de Carvalho para achar que o problema da universidade é o marxismo que nela se ensina e professa. Não pediram faca nos dentes para melhorar o ensino fundamental, o ensino médio, mas para a missão bisonha de conter o marxismo. E lá isso é um projeto de governo, em área estratégica, carente de mudanças profundas, como é a Educação?

Vélez, em outro momento infame, elogia Carvalho, o intelectual do regime, por ter livrado muitos jovens do marxismo e tê-los tornado “pessoas de bem”. Então temos que um marxista está proibido de ser uma pessoa de bem. É uma consideração reacionária, da mesma lavra do dogma marxista segundo o qual todo empresário ou homem de negócios é um ladrão e explorador da humanidade. Uma lástima.

Talvez porque nasceu na Colômbia, Vélez tem uma faca nos dentes e outra na bota para falar de nós. Segundo ele, o brasileiro viajando “é um canibal” e “rouba coisas de hotéis, rouba assento de salva-vidas do avião”. Tem o ministro de Educação o direito de injuriar desse modo o povo brasileiro? Se era isso que ele pensava a nosso respeito por que se naturalizou?

Como ele não faz exceção, todos os brasileiros que votaram em Bolsonaro — foram 54 milhões — pertencem a essa raça fuleira que rouba coisas de hotéis e assentos salva-vidas. Ou os canibais e ladrõezinhos estão apenas entre os que não votaram no capitão.

 

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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https://www.osul.com.br/de-canibais-e-ladroes/ De canibais e ladrões 2019-02-09
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