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Geral De olho nas eleições, as redes sociais usam a tecnologia contra as notícias falsas

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Google e Facebook também têm investido em parcerias com empresas de checagem de fatos. (Foto: Reprodução)

As “fake news” têm potencial para se tornar uma arma mais poderosa do que os dossiês contra políticos que sempre fizeram parte das disputas eleitorais brasileiras. Diante desse risco, a Justiça Eleitoral e empresas de tecnologia como Facebook, Google e Twitter passaram a adotar medidas para tentar reduzir os danos que os sites de notícias falsas e informações distorcidas podem provocar na disputa. As ações ocorrem depois que essas plataformas digitais foram usadas para difusão de anúncios de conteúdo duvidoso nas eleições americanas de 2016, com impacto direto no resultado das urnas. Enquanto a Justiça Eleitoral pretende acionar até mesmo o Centro de Defesa Cibernética do Exército para monitorar os sites de “fake news”, Facebook e Google têm usado a tecnologia para tornar seus algoritmos mais resistentes a eles. O Twitter, por sua vez, tem uma política um pouco menos incisiva em relação ao tema.

Um levantamento feito pelo Núcleo de Jornalismo de Dados do O Globo com base em informações da plataforma Crowdtangle, ferramenta certificada pelo Facebook para medir a audiência de suas páginas, mostra que 11 perfis na rede social, atrelados a sites que distribuem notícias falsas ou distorcidas sobre política e não têm qualquer indicação do responsável pelo seu conteúdo, publicam, em média, mais de 200 posts por dia. As postagens dessas páginas são compartilhadas milhões de vezes no Facebook. Para se ter ideia, em maio deste ano, quando os sites de “fake news” tiveram seu melhor desempenho na rede social dos últimos 12 meses, mais de 5 milhões de compartilhamentos foram contabilizados em seus perfis. No mesmo período, as páginas de seis pré-candidatos à Presidência em 2018 com as melhores colocações nas últimas pesquisas de intenção de voto registraram 2,5 milhões de compartilhamentos mensais.

Apesar disso, os dados mostram uma queda significativa no patamar de compartilhamentos dos sites de “fake news” analisados. Entre janeiro e maio deste ano, em média, os compartilhamentos dessas páginas sempre se mantinham acima de 3 milhões. Desde então, essa média caiu paulatinamente, chegando a menos de 1,5 milhão no mês passado. Também houve queda no compartilhamento médio por postagem.

Essas estatísticas, porém, são conservadoras, porque consideram apenas compartilhamentos diretos das páginas oficiais desses sites e não contabilizam casos em que outros usuários do Facebook replicaram o conteúdo para a sua rede de contatos em uma publicação própria. Ou seja, o poder de disseminação desses sites é muito maior do que o mostrado pelo levantamento.

Plataformas fazem ajustes

A queda de engajamento dessas páginas pode ter relação com uma série de mudanças feitas pelo Facebook e Google no uso de suas ferramentas, depois que foram envolvidas junto com o Twitter em um escândalo eleitoral nos Estados Unidos. Todas elas estão sendo investigadas pelo Congresso norte-americano. Lá, agentes russos pagaram para impulsionar anúncios e “fake news” e podem ter desequilibrado o jogo a favor do presidente Donald Trump. O Facebook, por exemplo, admitiu que cerca de 126 milhões de usuários poder ter acessado as 80 mil postagens publicadas por russos durante dois anos, durante a após as eleições.

A plataforma, aliás, é a que mais implementou mudanças nos últimos meses para tentar frear a ação dos sites de notícias falsas. Em maio, o Facebook passou a revisar centenas de milhares de sites vinculados para identificar aqueles que contêm “pouco conteúdo e um grande número de anúncios mal-intencionados” e aplicou a inteligência artificial para “entender se novas páginas compartilhadas na plataforma apresentavam características semelhantes”. A partir desse diagnóstico, essas páginas passaram a ter menos relevância na plataforma.

O Twitter integra desde 2015 a First Draft Coalition, uma rede que inclui grandes veículos de mídia internacionais para desenvolvimentos de ferramentas de verificação colaborativa.

Riscos permanecem

Apesar dessas iniciativas, o risco da “fake news” na disputa eleitoral do ano que vem ainda permanece. Para o professor de Comunicação Política da Puc-Rio Arthur Ituassu, uma tentativa de regulação, por exemplo, pode esbarrar no cerceamento da liberdade que caracteriza a internet, o que pode gerar para as próprias redes sociais, como o Facebook, Twitter e Google, problemas com seus usuários.

“Na web você tem uma capacidade grande de usar laranjas, perfis espalhados fora do país. De repente você descobre que a origem do conteúdo falso está em um IP na Islândia e aí? Vai fazer o que com isso”?

Para o pesquisador, os riscos da disseminação de fake news são ainda maiores no aplicativo WhatsApp, em que há sigilo das comunicações dos usuários e não é possível monitorar o que é compartilhado, inclusive pela Justiça. O professor de Direito da Uerj Rodrigo Brandão lembra que a Constituição prevê a liberdade de expressão, mas também a veda o anonimato, com o objetivo de permitir a responsabilização futura, quando há lesão à honra. Ainda assim, na sua avaliação, não há regulamentação clara sobre se a vedação do anonimato obrigaria um site ou não a identificar seus autores.

tags: tecnologia

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