Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 18 de março de 2017
Apreensão. Esta é a palavra que resume a atmosfera no mundo político de Brasília desde a última terça-feira (14), quando o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao STF (Supremo Tribunal Federal) 83 pedidos para investigar políticos citados nas delações premiadas da Odebrecht.
A expectativa de que a chamada “lista de Janot” – que ainda está sob segredo de Justiça – atinja parlamentares, ministros de Estado e governadores de partidos das mais distintas matizes deixou expoentes da República na defensiva.
As caixas com documentos e pedidos para investigar políticos citados nas delações da Odebrecht ainda não foram entregues no gabinete do ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo, a quem cabe analisar as solicitações do Ministério Público. A previsão é que o material seja encaminhado ao magistrado no início da próxima semana.
Fachin, no entanto, não tem prazo para decidir se autoriza a abertura dos inquéritos nem mesmo para analisar se derruba o sigilo do material, como solicitou a PGR (Procuradoria-Geral da República). O relator da Lava-Jato já disse internamente no Supremo que será criterioso na análise dos documentos e não terá pressa para responder aos pedidos da PGR.
Apesar de os pedidos de inquérito ainda estarem sob sigilo, a TV Globo já conseguiu confirmar 38 nomes de políticos que fazem parte da chamada “nova lista do Janot”. Os 83 pedidos de inquérito enviados na última terça pelo procurador-geral contêm 107 nomes sob sigilo, todos com foro privilegiado no STF (prerrogativa de deputados, senadores e ministros, por exemplo).
Isso não quer dizer que o total de alvos dos inquéritos seja 107. Em alguns poucos casos, segundo informaram investigadores da Lava-Jato, foi pedida a investigação de uma mesma pessoa em mais de um inquérito. Esses investigadores estimam em cerca de 100 o total de pessoas que são alvos dos pedidos de inquérito.
Em uma espécie de reação às revelações do conteúdo das delações dos executivos e ex-dirigentes da Odebrecht, parlamentares já se movimentam nos bastidores do Congresso Nacional para tentar anistiar quem já praticou o crime de caixa 2 (doação de campanha não contabilizada e não declarada à Justiça Eleitoral).
A ofensiva de parte dos políticos para tentar se salvar dos efeitos da delação da Odebrecht também gerou um contra-ataque de parlamentares que não concordam com a anistia a quem usou dinheiro não contabilizado em campanhas eleitorais.
Ao longo da semana, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chegou a dizer que não foi convidado por nenhum partido para discutir anistia ao caixa 2, mas ressaltou que se houver essa discussão, ela deve ser feita às claras. (AG)