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Por Redação O Sul | 4 de abril de 2017
O acusado está disposto, mas, até o momento, o MPF (Ministério Público Federal) não decidiu se abre negociações para uma eventual colaboração do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ). Inicialmente, a oferta foi rechaçada pelos procuradores da República do Rio de Janeiro, com o apoio dos colegas de Curitiba.
Porém, o advogado Sérgio Riera, responsável pela defesa de Cabral, conseguiu ser recebido por um integrante da força-tarefa do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em Brasília, sem que o encontro tivesse representado o início de uma delação.
Se depender da posição das forças-tarefa de Curitiba (Lava-Jato) e Rio de Janeiro (Calicute), as negociações não avançarão a favor de Cabral. Para elas, a sociedade ganha mais com o ex-governador condenado do que com o resultado de sua eventual colaboração premiada. Mas a questão ainda não está totalmente decidida.
Contra o ex-governador do Rio pesa a acusação de ser o chefe de uma organização criminosa que teria desviado, somente em valores já recuperados pelos investigadores, R$ 270 milhões. Perto de completar cinco meses de prisão, em Bangu, ele corre contra o tempo. O ex-governador sabe que, dificilmente, escapará de pena pesada – 44 anos, preveem os seus advogados, mas o tempo pode ser maior – e tenta convencer a equipe de Rodrigo Janot que tem muito a contribuir no avanço das investigações no estado que governou por quase oito anos.
Ao buscar uma negociação em Brasília, Cabral está provavelmente oferecendo informações sobre ex-aliados com foro privilegiado. É competência do STF (Supremo Tribunal Federal) processar e condenar deputados e senadores.
Porém, dificilmente o Ministério Público Federal cederia aos apelos em troca de delações contra integrantes da bancada parlamentar fluminense. O mais provável é que o ex-governador apresente as cartas escondidas na manga ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), onde são julgados governadores, desembargadores e conselheiros de tribunais de contas.
Quem chegou na frente, no Superior Tribunal de Justiça, foi Hudson Braga, ex-secretário estadual de Obras e ex-coordenador da campanha do governador Luiz Fernando Pezão. Ele foi preso junto com Cabral, sob a acusação de cobrar propina de 1% do valor das grandes obras do segundo governo do peemedebista, entre as quais a reforma do Complexo do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014 e para os Jogos Olímpicos. Essa propina, segundo os delatores das empreiteiras Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia, era classificada internamente como “taxa de oxigênio”. (AG)