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Brasil Delator cita contrato fictício para pagar fornecedor de Aécio em 2014

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Segundo Benedicto Júnior, tucano pediu à empreiteira que pagasse R$ 6 milhões à PVR por serviços prestados à campanha do senador à Presidência, em 2014. (Foto: José Cruz/Abr)

O ex-executivo da Odebrecht Benedicto Júnior afirmou em depoimento que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) pediu à empreiteira em 2014 que repassasse R$ 6 milhões à empresa de marketing PVR. Aos investigadores, o ex-dirigente afirmou que a Odebrecht arranjou um contrato fictício em Angola para justificar o pagamento.

Ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Júnior deu a informação ao Ministério Público Federal em depoimento do acordo de delação premiada no âmbito da Operação Lava-Jato.

A assessoria de Aécio divulgou a seguinte nota: “O senador Aécio Neves não fez qualquer pedido de caixa dois para sua campanha. Como afirmou o próprio Marcelo Odebrecht, as doações feitas à campanha do senador em 2014 foram oficiais”.

A PVR divulgou a seguinte resposta: “Os serviços relatados pelo delator foram efetivamente prestados pela PVR, como teremos possibilidade de comprovar ao longo da investigação”.

O delator afirmou que, embora tenha feito o pedido, Aécio não sabia dos detalhes da negociação entre a Odebrecht e a PVR.

Delação

Segundo Benedicto Júnior, ele foi procurado pelo senador “entre janeiro e fevereiro de 2014” para que a Odebrecht repassasse R$ 6 milhões à PVR. Naquele ano, Aécio foi candidato a presidente da República e a empresa foi responsável pelo marketing da campanha dele.

“Eu concordei e disse ao senador que o meu executivo em Belo Horizonte, Sergio Neves, iria procurar o Paulo Vasconcelos [dono da PVR] para tratar desse contrato, desse pagamento”, explicou o delator.

Na sequência, Benedicto Júnior explicou que Sergio Neves marcou as reuniões com Paulo Vasconcelos para discutir o assunto.

“O Sérgio acertou o contrato de R$ 6 milhões com dois pagamentos iniciais: R$ 1,5 milhão e R$ 1,5 milhão, que foram feitos efetivamente. E o restante acabamos não pagando. Então, dos R$ 6 milhões pedidos, nós demos R$ 3 milhões e pagamos. O Sérgio fez pagamento oficial à PVR”, acrescentou.

No depoimento, Benedicto Júnior explicou que foi assinado um acordo entre a Odebrecht e a PVR, mas os serviços não foram prestados pela empresa de marketing e o contrato foi fechado para serviços em Angola. “Provavelmente, o uso de Angola foi para gerar alguma coisa que pudesse dar como substancial o serviço. O serviço não foi feito”, acrescentou.

Sobre se Aécio sabia dos detalhes da negociação entre a Odebrecht e a PVR, o delator respondeu: “Não, não sabia. Eu não discuti. Minha discussão com ele foi: ‘Júnior, preciso ajudar a PVR com pagamento de R$ 6 milhões, você pode procurá-los para resolver?’ Respondi: “Vou procurar e ver como posso pagar R$ 6 milhões para eles'”.

Lava-Jato

Questionado sobre os motivos de a Odebrecht não ter pago os outros R$ 3 milhões, Benedicto Júnior respondeu:

“Os outros três [milhões de reais não foram pagos] porque, provavelmente, estávamos no final de 2014, a Lava Jato já estava […] o Sérgio não encontrou espaço para fazer, e o Paulo não encontrou outro [contrato] atípico para fazer. A PVR chegou a cobrar muitas vezes”.

Segundo o delator, os recursos repassados à empresa de marketing saíram do caixa oficial da Odebrecht. “O dolo é o contrato fictício”, acrescentou.

Detalhes do acerto

Ao detalhar o episódio aos investigadores, Benedicto Júnior explicou que, ao acertar os repasses da Odebrecht à PVR, combinou que a empreiteira iria encontrar uma maneira de fazer os pagamentos e discutir os tipos de contratos que poderiam ser feitos, porque não se sabia “o que a PVR fazia e o que ela poderia ter que interessasse à Odebrecht”.

“Então, a simulação desse contrato foi debatida com o senador Aécio?”, indaga o procurador. “Não foi debatida a simulação, foi debatido como o Paulo poderia prestar serviço para a Odebrecht para que eu pagasse ele. […] Ia ser feito um pagamento de R$ 6 milhões ao Paulo”, respondeu o delator.

“Provavelmente, o Paulo [Vasconcelos, dono da PVR], pessoa que estava no outro lado, não tinha como receber R$ 6 milhões de caixa 2 e fazer pagamentos. Ele precisava justificar os custos, a entrada de dinheiro, não tinha balanço suficiente para receber 6 milhões e fazer pagamentos”, acrescentou Benedicto Júnior.

Pedido de R$ 15 milhões

Em outro trecho do depoimento, Benedicto Júnior disse que Aécio pediu à empresa, também em 2014, que doasse R$ 15 milhões para a campanha dele à Presidência naquele ano, mas a informação é que os pagamentos não foram feitos.

“O que o Sérgio me informa é que eles [campanha de Aécio] não queriam receber esse dinheiro lá fora [no exterior]. Queriam receber aqui dentro. E nós não tínhamos mais capacidade de fazer esse volume aqui no Brasil”, explicou o delator.

A assessoria de Aécio Neves reafirmou que o senador não fez pedido de caixa 2 para a campanha dele à Presidência, em 2014.

(AG)

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https://www.osul.com.br/delator-cita-contrato-ficticio-para-pagar-fornecedor-de-aecio-em-2014/ Delator cita contrato fictício para pagar fornecedor de Aécio em 2014 2017-04-17
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