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Por Redação O Sul | 29 de dezembro de 2015
Em depoimento prestado como parte de sua delação premiada na Operação Lava-Jato, o lobista Fernando Antonio Soares Falcão, o Fernando Baiano, contou ter mantido reuniões em Buenos Aires (Argentina) com dois ex-homens fortes de governos argentinos para forçar que uma empresa controlada pela Petrobras, a Transener, fosse vendida para uma empresa argentina.
Por esse negócio bem-sucedido, disse Baiano, ele e o então diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, receberam 300 mil dólares cada um em “vantagem indevida”. Por volta de 2006, a Petrobras decidiu vender sua participação acionária na Transener, empresa responsável pela instalação de linhas de transmissão de alta tensão de energia elétrica na Argentina.
O negócio estava acertado com um fundo dos EUA, mas Baiano e outro lobista brasileiro, Jorge Luz, começaram a trabalhar para que a empresa fosse vendida à argentina Electroingeniería. Baiano disse que Luz foi contratado por essa empresa e o procurou para ter acesso a Cerveró.
Baiano contou à Procuradoria-Geral da República ter indagado a Cerveró como poderia barrar a venda da Transener aos americanos. O ex-diretor da Petrobras teria dito que era uma tarefa “muito difícil”, pois o negócio já estava acertado, mas que poderia ser evitado caso o governo argentino fosse contrário à venda sob alegação de risco à segurança nacional.
Baiano disse então ter mantido reuniões com Roberto Dromi, que no governo de Carlos Menem (1989-1999) atuou como “superministro” das privatizações, e seu filho, Nicolas, e com o então ministro de Planejamento, Investimento e Serviços nas gestões de Néstor e Cristina Kirchner (2003-2015), Julio De Vido.
Baiano contou aos investigadores ter estado duas vezes com De Vido. A primeira em um almoço em um “casarão anexo ao hotel” Four Seasons de Buenos Aires e outra na casa de um dos sócios da Electroinginiería, Gerardo Ferreyra, um ex-militante do grupo de esquerda armada ERP (Exército Revolucionário do Povo) e amigo de Carlos Zannini, homem forte do governo Cristina Kirchner. (Folhapress)