Terça-feira, 23 de abril de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Política Delator relatou ter sofrido pressão após a suspensão de propina para o PT

Compartilhe esta notícia:

O processo foi aberto a partir de investigações do MPF sobre pagamentos indevidos da OAS ao PT na construção da sede da Petrobras em Salvador, a Torre Pituba. (Foto: Reprodução/Google Street View)

Um delator ex-funcionário do departamento de propinas da OAS disse à PF (Polícia Federal) que houve pressão para que a empreiteira retomasse o fluxo de repasses ilegais ao PT que havia sido suspenso após a deflagração da Operação Lava-Jato, em março de 2014. Ramilton Lima Machado Junior era um dos responsáveis pela geração e distribuição de recursos de caixa dois da OAS no Nordeste e prestou depoimento no âmbito da Operação Sem Fundos, fase da Lava-Jato que investiga um esquema de fraudes, superfaturamentos e desvio de verbas durante a construção do conjunto Torre Pituba, sede da Petrobras na Bahia.

O empreendimento foi feito com dinheiro da Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, e construído pelas empreiteiras OAS e Odebrecht. O contrato previa que após a conclusão das obras a Petrobras seria a locatária do imóvel por 30 anos.

Ramilton contou aos investigadores que, em 2012, foi informado por outro executivo da companhia que haveria repasse de 1% do valor da obra da Torre Pituba para o Partido dos Trabalhadores. A pessoa que iria tratar desse recebimento pelo lado petista era Marice Lima, cunhada de João Vaccari Neto, então tesoureiro da legenda.

O delator disse aos investigadores que se reuniu com Marice “no final de 2012/início de 2013” e que ficou acertado que “seria feito um pagamento mensal de R$ 200 mil e que se faria um acerto, ao final, de acordo com o fluxo de pagamentos da obra”.

Os pagamentos foram feitos, segundo Ramilton, em dinheiro vivo na residência de Marice e também no escritório onde ela trabalhava, na cidade de São Paulo. O delator também disse que, a pedido de Marice, houve valores pagos ao PT por meio de doações eleitorais. Foi nesse período que a empreiteira teve que interromper os pagamentos.

“Com a deflagração da Lava-Jato, em março de 2014, foram suspensos todos os pagamentos de vantagens indevidas, inclusive as relativas ao prédio da Petros”, disse Ramilton. “Nessa época foi procurado por Elmar Varjão [diretor da OAS Norte-Nordeste] dizendo que havia grande pressão para prosseguimento do pagamento de vantagens indevidas relativas a essa obra da Petros.”

Mais tarde, para contornar o impasse, o ex-presidente da OAS Leo Pinheiro determinou que fosse feito um contrato de R$ 1,6 milhão com uma empresa de Renato Duque, ex-diretor da Petrobras. O dinheiro pago a empresa de Duque, segundo o delator, seria descontado do acerto feito com o PT relativo ao empreendimento Torre Pituba.

Leo Pinheiro e Renato Duque foram presos em novembro de 2014, na sétima fase da Lava-Jato. Ambos chegaram a ser soltos, mas retornaram à cadeia logo depois. Eles hoje estão na mesma ala da carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, e tentam acordo de delação premiada.

Ramilton Lima Machado Junior é um dos oito funcionários da controladoria da OAS, setor de caixa dois e propinas da empreiteira, que assinou acordo de colaboração premiada com a Lava-Jato.

Para fechar a delação, os oito ex-funcionários empreiteira romperam com a cúpula da empresa, que também tentava fazer colaboração premiada em conjunto, nos moldes da feita pela Odebrecht.

Hoje os herdeiros da companhia, Cesar Filho e Antonio Carlos Mata Pires, e o ex-presidente Leo Pinheiro continuam tentando um acordo com o Ministério Público Federal.

Na sexta-feira, a juíza Gabriela Hardt, substituta de Sérgio Moro na Operação Lava-Jato, mandou soltar Marice, que estava presa em Curitiba. A magistrada, porém, estipulou algumas medidas cautelares como a proibição de deixar o país e de manter contato com os demais investigados (salvo familiares).

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Política

O futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, faz pressão para endurecer lei antiterror
O Judiciário brasileiro quadruplicou as despesas com pessoal em pouco mais de duas décadas
https://www.osul.com.br/delator-relatou-ter-sofrido-pressao-apos-a-suspensao-de-propina-para-o-pt/ Delator relatou ter sofrido pressão após a suspensão de propina para o PT 2018-12-02
Deixe seu comentário
Pode te interessar