Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 19 de julho de 2015
O lobista Julio Camargo, que acusa o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o ex-ministro José Dirceu de receber dinheiro sujo desviado da Petrobras, só decidiu incriminá-los depois que os procuradores da Operação Lava-Jato o convenceram de que teria problemas na Justiça se não contasse tudo que sabe.
Camargo, que trabalhou para fornecedores da Petrobras e diz ter pagado 137 milhões de reais em propina para o PMDB, o PT e funcionários da estatal petrolífera, colabora com as investigações da Lava-Jato desde outubro do ano passado, quando assinou um acordo de delação premiada e confessou vários dos seus crimes.
Mas ele resistiu por meses a incriminar os políticos com quem se relacionou, como Cunha e Dirceu. Sua guinada começou a ser produzida na última semana de junho, quando foi chamado pelos procuradores da Lava-Jato para uma reunião em Curitiba (PR).
Os investigadores mostraram a Camargo que tinham evidências de que ele vinha escondendo informações comprometedoras sobre políticos, e lembraram ao lobista que isso poderia levar ao rompimento do acordo de delação premiada, que garante redução de pena e outros benefícios.
De acordo com o relato de um dos participantes, a reunião foi tensa, mas o lobista cedeu e afirmou ter pagado propina ao ex-ministro. Camargo também disse aos procuradores que emprestou um avião particular a Dirceu depois que ele deixou o governo Lula, em meio ao escândalo do mensalão.
Em depoimentos anteriores, ele negou ter prestado esse favor. Dirceu, que foi condenado no julgamento do mensalão e atualmente cumpre pena de prisão domiciliar em Brasília, nega ter recebido propina para facilitar negócios na Petrobras e diz que pagou pelo avião particular. (Folhapress)