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Por Redação O Sul | 20 de maio de 2019
O delegado de PF (Polícia Federal) Ênio de Paula Salgado foi demitido nesta segunda-feira (20), acusado de envolvimento em esquema de propinas instalado em 2016 na Delegacia de Crimes Previdenciários da Superintendência Regional da PF em São Paulo.
De acordo com a portaria de demissão, assinada pelo ministro da Justiça e Segurança, Sérgio Moro, o policial foi enquadrado por “violar o regime jurídico dos policiais e praticar ato que importe em escândalo ou que concorra para comprometer a função policial” e “receber propinas, comissões, presentes ou auferir vantagens e proveitos pessoais de qualquer espécie e, sob qualquer pretexto, em razão das atribuições que exerce”.
Operação Inversão
A operação, ação conjunta do MPF (Ministério Público Federal) e do Setor de Contra-Inteligência da PF, foi deflagrada em julho de 2016. Na época, outros dois delegados federais da ativa e um aposentado foram presos. O inquérito principal da Inversão deu origem a outra investigação, que apontou para o envolvimento de Ênio de Paula Salgado.
Esquema
O esquema de propinas a policiais operou entre 2010 e 2015. Segundo a investigação, a vantagem ilícita era repassada a policiais federais por alvos de inquéritos sobre crimes contra a Previdência. A Operação Inversão foi deflagrada por ordem da 9.ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
Um dos presos, Marivaldo Bispo dos Reis, o “Miro”, dono de uma consultoria previdenciária, teria pago de R$ 500 mil a 800 mil, para engavetar uma operação policial que investigava seu envolvimento em fraudes em dezenas de agências do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) em São Paulo e que movimentaria em torno de R$ 50 mil diariamente.
A investigação teve início em agosto de 2015, quando uma advogada investigada na Operação Trânsito foi procurada por pessoas que falavam em nome de policiais dizendo que se ela pagasse uma propina de R$ 15 mil poderia se livrar da investigação. Pedido este que depois subiu para R$ 150 mil.
Ela e o marido procuraram a Corregedoria da PF em São Paulo e denunciaram o esquema, revelando mais provas da suposta ligação de policiais, que passaram a ser investigados em ações de contra-inteligência da PF. Conversas de whatsapp entre os intermediários e a vítima de extorsão foram entregues à corregedoria.
Para os procuradores responsáveis pelo caso, “os investigados transformaram a Deleprev (Delegacia de Crimes Previdenciários), que deveria atuar na apuração de delitos previdenciários que tanto sangram os cofres da União em um balcão de negócios e de impunidade”.