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Brasil Depoimentos reforçaram a suspeita da Polícia Federal sobre o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina

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Cancellier se matou dias após ter sido preso e afastado da universidade. (Foto: Isabelle Araújo Divulgação/MEC)

Depoimentos colhidos pela Operação Ouvidos Moucos reforçam a suspeita, para a PF (Polícia Federal), de que o então reitor da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) Luiz Carlos Cancellier tentou obstruir investigações internas e deixou de tomar medidas para coibir deficiências na fiscalização da aplicação dos recursos da universidade. Cancellier se matou dias após ter sido preso e afastado da universidade, o que gerou manifestações e notas de protesto contra a investigação.

Os depoimentos tomados pela PF, que revelam um ambiente tenso e cheio de desconfiança entre diversos professores, serão peças importantes no primeiro relatório parcial do caso, que deverá ser entregue pela polícia nos próximos dias ao Judiciário. Cancellier não será indiciado porque a sua morte leva à extinção da punibilidade – a polícia deverá indiciar cerca de uma dezena de outros investigados.

A operação investiga supostos desvios de recursos e irregularidades no programa de EaD (Educação a Distância) da UFSC, financiado pela Capes, fundação vinculada ao Ministério da Educação.

Fiscalizações da CGU (Controladoria Geral da União) apontaram bolsas de tutoria “concedidas a pessoas sem qualquer vínculo com as atividades de magistério superior, inclusive parentes de docentes que integravam o programa” e “direcionamento de licitações, com uso de empresas de fachada, para produção de falsas cotações de preços de serviços, em especial locação de veículos”.

Surgiram casos de professores “coagidos a repassar metade dos valores das bolsas” para outros professores. Uma auditoria da Capes apontou irregularidades como duplicidade de pagamentos e uso de verba de custeio para bolsas – total de R$ 372 mil em “gastos indevidos”.

Em uma manifestação inédita de novembro passado que integra a investigação, a procuradora da República Daniele Cardoso Escobar apontou que a fiscalização da CGU “constatou o descontrole pela universidade na gestão dos recursos públicos voltados para os cursos” do EaD, “o que propiciou por anos e anos situações de desvio de verbas públicas”.

A procuradora escreveu que dois pareceres da própria procuradoria federal vinculada à UFSC, de 2013 e 2014, já haviam recomendado maior rigor no uso dos recursos, porém “a UFSC continuou com o descontrole na gestão dos recursos públicos dos cursos de EaD, tratando com desleixo o dinheiro público”. A Procuradoria havia concordado com o pedido de prisão temporária de Cancellier e outros seis professores da UFSC, revogada um dia depois pela Justiça Federal.

Desde que a operação foi deflagrada, em setembro, a PF analisou mensagens de aplicativos de celular, e-mails e documentos apreendidos e ouviu em inquérito sob sigilo cerca de cem pessoas. Professores narraram que Cancellier se mostrou particularmente incomodado com as investigações do corregedor da UFSC, Rodolfo Hickel Prado, e com uma professora, Taísa Dias, que como coordenadora do EaD de administração tomou contato com irregularidades no programa e passou a cobrar uma posição da direção da UFSC. O reitor chegou a “avocar”, ou atrair para a reitoria, uma sindicância da corregedoria que apurava as irregularidades.

A antecessora de Cancellier na Reitoria, Roselane Neckel, que dirigiu a UFSC de 2012 a 2016, fez à polícia um longo relato sobre as medidas que teria tomado para melhor fiscalizar a gestão dos recursos públicos na UFSC, mas pelo menos uma delas teria sido desfeita na gestão de Cancellier.

Criada por Roselane em 2014, a Contadoria foi extinta em agosto de 2016 pela pró-reitoria de administração, durante a gestão de Cancellier. Um dos principais papéis da Contadoria era averiguar a prestação de contas das fundações. Com a extinção do órgão, as prestações das fundações voltaram a ser analisadas pelo Conselho de Curadores, formado por professores.

Um dos últimos levantamentos divulgados pela Contadoria mostra que 93% de 407 projetos que receberam recursos públicos estavam “aguardando análise”. Segundo a ex-reitora, a relação da Contadoria com as fundações “continuou muito difícil e, mesmo com a desconfiança da permanência das deficiências nas prestações de contas, estas acabavam sendo aprovadas no Conselho” de Curadores.

Em depoimento, a professora Evelize Welzel, coordenadora do curso de administração, disse que o reitor comentou certa vez que o corregedor era “maluco” e que, “se ele continuasse ali, todos estariam ‘ferrados'”.

 

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